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AUDITORIA AOS PRIMEIROS 9 MESES DE FUNCIONAMENTO DE UMA CONSULTA DE CLINIMÉTRICAS EM DOENTES COM ESPONDILARTRITE
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P005 - Resumo ID: 1826
Unidade de Imunologia Clínica, Centro Hospitalar Universitário do Porto - Hospital de Santo António
Mariana Bilreiro*, Ana Corte Real*, Ana Costa*, Filipa Coroado Ferreira*, Ana Campar, Mariana Brandão, Raquel Faria, António Marinho, Fátima Farinha
Introdução: As espondiloartrites (SPAs) englobam um conjunto de doenças como a espondilite anquilosante (EA), a artrite psoriática (PsA) e a artrite idiopática juvenil (AIJ). A utilização de fármacos modificadores de doença (DMARDs) requer a monitorização da resposta à terapêutica e complicações associadas, com o objetivo de manter a remissão ou baixa atividade. Foi organizada uma consulta intercalar de Clinimétricas, dirigida aos doentes com artropatias inflamatórias, nas quais se incluem as SPAs.
Objetivos: Auditoria aos primeiros 9 meses de implementação da consulta, com caracterização dos doentes com SPA, dos fármacos efetuados, escalas de atividade da doença e a resposta à terapêutica.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo, observacional, com consulta dos processos dos doentes com o diagnóstico de SPA, avaliados na consulta de Clinimétricas. Análise estatística em SPSS 23.0.
Resultados: Foram avaliados 141 doentes (56% mulheres; idade média 51.91 ± 11.62 anos; evolução da doença média de 8.95 ± 6.86 anos). Destes, 37.6% tinham SPA indiferenciada, 34% PsA, 26.2% EA e 2.1% AIJ. Dos 84 doentes com estudo de HLA-B27, 65.5% eram positivos. Em média, os doentes fizeram um total de 2.11 ± 1.07 DMARDs, sendo os sintéticos mais frequentes metotrexato (56 doentes), sulfassalazina (26 doentes) e hidroxicloroquina (8 doentes) e, quanto aos biológicos, etanercept (54 doentes), adalimumab (15 doentes) e golimumab (15 doentes). Estavam sob corticoterapia 10.6% dos doentes. Nesta consulta, 22.7% alteraram a dose da terapêutica e 12.8% foram propostos para alteração do fármaco. Nos scores pré-terapêutica verificou-se uma média do BASMI 3.29 ± 1.77, BASDAI 6.07 ± 1.84, BASFI 5.43 ± 2.35, ASDAS PCR 3.59 ± 0.85 e ASDAS VS 3.67 ± 0.89. Nesta consulta a média transversal foi no BASMI 2.84 ± 1.80, no BASDAI 4.92 ± 2.68, no BASFI 4.14 ± 2.77, no ASDAS PCR 2.64 ± 1.01 e no ASDAS VS 2.67 ± 1.00. Em relação às comorbilidades, a média de fatores de risco cardiovascular foi 0.82 ± 0.96 (34.8% com hipertensão, 35.5% com dislipidemia, 12.1% com Diabetes mellitus e 10.6% com doença cardiovascular). Durante o seguimento, 13.5% desenvolveram intercorrências infeciosas e 0.7% tiveram neoplasias. Quanto aos rastreios, 80.9% realizaram o de tuberculose latente (destes, 30.7% foram diagnosticados e tratados) e 79.4% a virologia. De acordo com os registos, 59.6% realizaram vacinação anti-gripal e 47.5% anti-pneumocócica. Dos 43 doentes que realizaram densitometria óssea 23.3% tinham osteoporose.
Discussão e Conclusão: A maioria dos doentes encontrava-se sob DMARDs biológicos, constatando-se uma baixa incidência de neoplasias e infeções. Destaca-se a importância da avaliação qualitativa e quantitativa da atividade da doença, que por sua vez permite determinar a resposta terapêutica. A abordagem estruturada desta consulta permitiu corrigir falhas no registo de medidas de atividade, dano, estratificação e rastreio de comorbilidades.