Ricardo Veloso, Ana Simas, Sandra Brum, Ana Carolina Silveira, Juvenal Morais, Mariela Rodrigues, Joana Decq Mota, Fátima Pinto, António Goulart
Doente do sexo masculino, 76 anos, caucasiano. Antecedentes pessoais de doença renal terminal (sob hemodiálise), diabetes mellitus tipo 2, nefropatia urática crónica, fibrilhação auricular, doença coronária (submetido a angioplastia e colocação de stents coronários) e tabagismo (ex-fumador há 15 anos).
Na admissão para sessão de hemodiálise apresentava queixas de dor intensa na região inguinal direita. Ao exame objetivo apresentava-se pálido e prostrado, com tumefação na região inguinal direita, dolorosa à palpação, pulsátil numa porção e maciça na restante, sem outras alterações.
Analiticamente apresentava elevação dos parâmetros inflamatórios. Colheu hemoculturas, iniciou antibioterapia empírica e foi internado.
Hemoculturas revelaram bacteriemia por Staphilococcus aureus multissensível, tendo sido dirigida a antibioterapia para esse agente.
Realizou radiografia de tórax, que não mostrou condensações, e ecocardiograma transtorácico, que não identificou vegetações.
Adicionalmente, realizou tomografia computorizada com contraste que foi sugestiva de aneurisma micótico da artéria ilíaca direita, com compressão da drenagem do membro inferior direito.
Após este achado, foi transferido para o serviço de Cirurgia Vascular da instituição de referência.
Os aneurismas da artéria ilíaca são uma entidade clínica rara. Os fatores de risco conhecidos incluem o sexo masculino, raça caucasiana, idade avançada, tabagismo, hipertensão arterial e doença aterosclerótica. Os aneurismas micóticos estão associados a alta morbimortalidade, sendo essencial o tratamento precoce. Os fatores de risco principais são a lesão arterial (quer autoinfligida, por uso endovenoso de drogas, quer por iatrogenia, por procedimentos endovasculares), infeção prévia, imunocomprometimento, aterosclerose e aneurisma prévio.
Consideramos estas imagens interessantes, pois retratam uma patologia rara, cujos fatores de risco são cada vez mais prevalentes na população, pelo que a sua incidência poderá aumentar.