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DOR EM INTERNAMENTO – REALIDADE DE UM HOSPITAL PERIFÉRICO
Medicina Geriátrica - Comunicação
Congresso ID: CO042 - Resumo ID: 1847
CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DO ALGARVE, UNIDADE DE PORTIMÃO - SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA
Frederico Soares da Silva, Dina Rochate, Francisca Pulido Valente, Maria Inês Simões, Svetlana Hhihoryan, Estela Ferrão, Maria José Grade, Helena Rita, Luísa Arez
Introdução: A dor é subjetiva mas passível de objetivação. Reconhecida como o quinto sinal vital, são fundamentais a avaliação e o seu registo, para o tratamento do doente. Estudos mostram que é o principal motivo de ida ao serviço de Urgência, sendo também uma queixa frequente em doentes internados nas enfermarias de Medicina. Além de condicionar um sofrimento evitável, a dor afeta de forma adversa o processo de recuperação, associando-se a um maior número de dias de internamento e a maiores custos. Contudo, poucos estudos se dedicaram à abordagem e avaliação da dor pelos profissionais de saúde. Objetivo: Avaliar a prevalência da dor e abordagem terapêutica analgésica nos doentes internados num Serviço de Medicina Interna. Métodos: Este estudo observacional transversal avalia 78 doentes internados no Serviço de Medicina Interna no dia 26/01/2019, através da aplicação de um questionário e consulta de registos clínicos. A intensidade da dor foi avaliada pela escala numérica da dor e pela Pain Assessment in Advanced Dementia (PAINAD-PT), validada para doentes não colaborantes, inclusive com diagnóstico de demência. A análise estatística foi realizada a partir da base de dados desenvolvida para este estudo. Resultados: A média de idades foi de 78 anos, sendo que 85% da população tinha ≥65. A maioria era do género masculino (57,7%) e a patologia respiratória foi o principal motivo de internamento. Três casos foram internados por dor não controlada. Dos doentes sem demência, 12 tinham dor crónica e 28 apresentavam dor no dia do questionário (45.9%), a maioria do tipo neuropática e com intensidade média de 2. Quatro casos apresentaram dor de intensidade 10/10. Do grupo total analisado, apenas um caso não tinha analgesia prescrita, 77 apesentavam esquema SOS e 15 tinham analgesia fixa, sendo a via de administração endovenosa a mais usada (77,6%). Relativamente ao tipo de analgesia, 87% dos casos estavam medicados com paracetamol, 86,6% em esquema SOS e 13,4% fixa. Os opióides foram prescritos em 18% dos casos, com preferência por morfina (57,1%), seguida do tramadol. Os registos de enfermagem estavam presentes em 100% dos casos, contrastando com os médicos, apenas em 47,4%. 59% dos doentes notava preocupação do médico com a sua dor. Conclusão: A prevalência da dor nos doentes internados é elevada, frequentemente subvalorizada, não existindo muitos estudos sobre o tema. Deve ser combatida a inércia, sobretudo no que concerne ao seu registo em diário clínico e a folha terapêutica deve ser revista persistentemente. Identificaram-se dificuldades na aplicabilidade prática da escala PAINAD-PT, pelo que não se analisaram algumas características da dor nos doentes com demência. Era interessante o desenvolvimento de uma ferramenta de registo contínuo da dor para médicos e, futuramente, alargar este questionário a outros serviços, de modo a perceber qual a sua realidade e contribuir para que este importante sinal vital não seja descurado.