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ANÁLISE DOS PRINCIPAIS FATORES DE DESCOMPENSAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO142 - Resumo ID: 1853
Unidade Local de Saúde Litoral Alentejano
David Campoamor, Josiana Duarte, Isabel Carvalho, Sofia Sobral, Teresa Goes
Introdução:
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome com elevada prevalência em Portugal, especialmente na população idosa. O prognóstico agrava com cada descompensação da mesma com necessidade de hospitalização. Os fatores que provocam a descompensação são conhecidos. Não entanto, e apesar das terapêuticas disponíveis atualmente, continua a ser uma das causas mais frequentes de internamento nos Serviços de Cardiologia e Medicina.
Objetivos:
Caracterização dos doentes com diagnóstico prévio de IC crónica, internados numa enfermaria de Medicina por IC descompensada.
Material e métodos:
Foi realizado um estudo transversal onde foram avaliadas várias características epidemiológicas e clínicas de uma amostra total de 59 indivíduos com pelo menos uma descompensação no período de Janeiro a Julho de 2018, admitidos num Serviço de Medicina Interna do Serviço Nacional de Saúde. Para o tratamento estatístico foi utilizado o software SPSS (versão 25), com análise descritiva univariada e a técnica de classificação de indivíduos TwoStep cluster.
Resultados:
Foi possível verificar uma média de idades de 81,7±8,8 anos, sendo que a maioria (78,0%) possuía uma classificação NYHA classe II e um ecocardiograma com FEVE preservada (54,2%). As principais causas de descompensação foram não-cardiovasculares (52,5%), seguida de causas cardiovasculares (28,8%), causas relacionadas com o paciente (11,9%) e finalmente causas múltiplas (6,8%). Dentro das descompensações de causa não-cardiovascular, a principal foi infeção ou estado febril (72,7%). Dentro das cardiovasculares, as principais foram HTA descontrolada ou crise hipertensiva (37,5%) e taquiarritmias (31,3%). Dentro das descompensações relacionadas com o paciente, as principais foram a inadequação terapêutica (50%) e incumprimento terapêutico (30%), sendo de realçar que 2/3 dos indivíduos estudados não tomavam medicação otimizada previamente à admissão.
O agrupamento dos doentes em clusters, permitiram-nos captar dois grandes grupos, o cluster 1 com tendencialmente mais descompensações (0,55 readmissões/6 meses) e o cluster 2 com menos descompensações (0,13 readmissões/6 meses. A associação de medicação não otimizada de acordo com as guidelines da European Society of Cardiology (ESC) antes e durante a hospitalização, aumentam a vulnerabilidade e conduzem a um maior número de readmissões hospitalares por descompensação da IC.
Conclusões:
A prevalência de faixa etária idosa, neste estudo, reflete a relação da gravidade da doença com o acumular de comorbilidades associadas a idades avançadas, bem como a crescente dificuldade de gestão adequada dos problemas de saúde. A otimização terapêutica durante o internamento assim como a educação do doente de forma a promover o correto cumprimento da mesma, são essenciais na prevenção das descompensações da insuficiência cardíaca crónica.
A identificação dos fatores modificáveis de descompensação de IC permite a implementação de estratégias concretas para a sua prevenção.