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FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA, E AGORA?
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P593 - Resumo ID: 1864
Serviço de Medicina Interna do Hospital do Barreiro – Centro Hospitalar Barreiro Montijo
Joana Ferreira, Joaquim Felisberto, Daniel Botelho, Fátima Campante
Introdução:
Febre de origem indeterminada é um diagnóstico temido pelos Internistas. Neste contexto, há necessidade de recorrer a múltiplos exames complementares diagnósticos a fim de apurar a etiologia subjacente. Dentre os diagnósticos diferenciais, um deles não deverá ser esquecido, a Tuberculose. Este diagnóstico pode ser complicado e moroso, especialmente quando se trata de tuberculose extra-pulmonar. A infecção pleural por Micobaterium tuberculosis, está associada a sintomas como dor torácica, dispneia, tosse e febre. Ao contrário da tuberculose pulmonar, a tuberculose pleural não é contagiosa.

Caso clínico:
Mulher, 76 anos de idade. Levada ao serviço de urgências por prostração nos últimos dias. Após observação física, analítica e imagiológica, ficou internada por hiponatrémia sem outras alterações. Ao 3º dia de internamento, iniciou quadro de febre sem foco infecioso aparente. Por haver aumento dos parâmetros inflamatórios, iniciou terapêutica antibiótica com Amoxocilina–Ácido Clavulânico. Ao 7º dia, a febre persistia e a etiologia ainda era desconhecida. Alterou-se a terapêutica para Meropenem. Posteriormente adicionou-se Vancomicina e mais tarde Piperacilina-Tazobactam. Radiografia ao tórax evidenciou “derrame pleural extenso à direita com atelectasia pulmonar”. Para melhor elucidação, realizou-se TC-toraco-abdomino-pélvica, a destacar: “volumoso derrame pleural direito, (...), sugerindo provável empiema”. O empiema foi drenado por toracocentese. Do líquido colhido, foi realizado exame bacteriologico, exame directo para micobacterias e exame cultural. Os dois primeiros revelaram-se prontamente negativos, tendo a cultura do líquido pleural ficado em curso por 55 dias. Sem resultado etiológico conclusivo e, por persistência da febre, foram realizados vários exames complementares diagnósticos, tais como: doseamento de marcadores tumorais, ecografia mamária e pélvica, uroculturas, pesquisa de sangue oculto nas fezes, IGRA, broncofibroscopia, endoscopia digestiva alta e colonoscopia. Fez-se prova terapêutica com Naproxeno para despiste de febre de origem neoplásica. Todas estas abordagens foram inconclusivas. Quando, ao 91º dia de internamento, foram obtidos os resultados da cultura de micobacterias do líquido pleural, este revelou-se positivo para Micobacterium tuberculosis. Foi iniciada terapêutica tuberculostática com resolução da febre e a doente teve alta para o domicílio com seguimento em consulta de Pneumologia.

Discussão:
O diagnóstico de Tuberculose pleural pode ser muitas vezes tardio, sendo necessária uma pesquisa exaustiva fazendo recurso a vários exames complementares diagnósticos. Ainda que exames algo sensíveis para o diagnóstico, como o IGRA, sejam negativos, não se deve descartar a possibilidade de tubercolose uma vez que estes exames podem ser influenciados pelo sistema imunitário do doente.