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PNEUMONIA ASSOCIADA AO VENTILADOR – 1 ANO NUMA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P007 - Resumo ID: 1867
Hospital Garcia de Orta
Sara Almeida Ramalho, Rui Gomes, Sara Lança, Antero Fernandes
Introdução
A pneumonia associada ao ventilador (PAV) define-se como pneumonia adquirida no hospital que ocorre após 48h de entubação orotraqueal e ventilação mecânica invasiva (VMI). Pode ser dividida em precoce (4 primeiros dias de VMI), associada a bactérias mais sensíveis, ou tardia (após 4 dias de VMI), associada a organismos multirresistentes. O principal factor de risco é a presença de tubo orotraqueal ou traqueostomia pela interferência com anatomia/fisiologia normal. É uma complicação que altera o curso do internamento de doentes provenientes e admitidos em enfermarias de Medicina Interna, pelo que os factores associados à sua ocorrência devem ser estudados.

Objectivos:
Pretendia-se estudar a população de doentes com PAV numa Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) polivalente durante 1 ano, comparar as características do grupo de doentes com PAV com um grupo-controlo e identificar factores de risco associados à ocorrência de PAV.

Material e métodos:
O grupo de estudo incluía todos os doentes internados em UCI durante o ano de 2017 com o diagnóstico de PAV de acordo com o registo HELICS (44 doentes) e o grupo controlo era constituído por amostra aleatória de doentes internados na mesma UCI no mesmo período (44 doentes). Foram excluídos os doentes com diagnóstico prévio de pneumonia ou traqueobronquite. Foram avaliadas múltiplas variáveis em ambos os grupos. Os dados foram colhidos através de registo HELICS-UCI e processo clínico electrónico e a análise estatística efectuada com o software SPSS statistics versão 23.

Resultados:
Comparando os 2 grupos, observou-se idade e distribuição por género semelhantes. Constatou-se diferença estatisticamente significativa (p<0.05) entre a duração média do internamento na UCI (16 vs 7,5 dias) e no hospital (39 vs 21 dias), com maior duração nos doentes com PAV. Os motivos de admissão foram diferentes entre os grupos (grupo com PAV com mais patologia médica – 23 vs 18 doentes – e neurocirúrgica – 21 vs 20 doentes). Os doentes sem PAV apresentaram maior pontuação nos scores de gravidade do que os com PAV com diferença estatisticamente significativa (p<0.05). Observou-se semelhança nos factores de risco estudados presentes previamente à admissão na UCI (patologia respiratória, imunossupressão, diabetes mellitus e corticoterapia prévias) excepto em relação à antibioterapia: mais doentes com antibioterapia prévia no grupo com PAV (22 vs 3 doentes), com diferença estatisticamente significativa (p<0.001).

Conclusões:
Os doentes estudados reflectem uma população heterogénea, com diferentes motivos de admissão em UCI, no entanto a maioria com patologia médica. Os resultados no grupo de doentes com PAV foram semelhantes a estudos anteriores, tendo apresentado mais tempo de internamento, mais tempo de VMI e relação entre a ocorrência de PAV e a presença de antibioterapia prévia. Estes resultados devem alertar para a implementação de medidas preventivas da ocorrência de PAV e controlo dos factores de risco.