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À PROCURA DO FOCO PRIMÁRIO: A PROPÓSITO DE UM CASO DE APENDICITE CRONICA
Doenças digestivas e pancreáticas - E-Poster
Congresso ID: P219 - Resumo ID: 1869
Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte - Hospital Santa Maria - Serviço de Medicina I
João Roque, Yolanda de Sá Pereira, Nuno Vieira Brito, Jorge Silva Ferreira, Maria João Gomes, Vítor Ramalhinho
INTRODUÇÃO: Apendicite crónica corresponde a 1% de todos os casos de apendicite e tem uma apresentação clínica atípica, sendo o seu diagnóstico habitualmente tardio e já na presença de complicações.CASO CLÍNICO: Homem de 60 anos, recentemente libertado de estabelecimento prisional, sem diagnósticos prévios conhecidos ou medicação crónica, e com hábitos tabágicos e etílicos no passado, que recorreu ao Serviço de Urgência por queixas de astenia e perda ponderal (15kg em 4 meses), associadas a quadro de obstipação com 2 semanas de evolução. Negava queixas de dor abdominal. À observação apresentava-se emagrecido, hemodinamicamente estável, apirético, com hepatomegalia, e empastamento nos quadrantes abdominais direitos. Avaliação laboratorial: Hb 8,5g/L, VS 62mm, INR 1,33, Fosfatase alcalina 168U/L, GamaGT 68U/L, Albumina 2,9g/dL, Proteína C Reactiva 22,3mg/dL, Procalcitonina 0,67ng/mL, sem outras alterações. As serologias de VIH, VHB e VHC eram negativas. Foi realizada TC Toraco-Abdomino-Pélvica que identificou 2 coleções abcedadas a nível hepático (17cm e 3,5cm de maior diâmetro respectivamente) e múltiplos trajectos fistulosos com ponto de partida na região do cego, sem espessamento da parede intestinal. Procedeu-se à aspiração das lesões por via percutânea ecoguiada e foi iniciada antibioterapia empírica com Meropenem e Metronidazol. Foram isolados Escherichia coli multissensível e Meticillin-resistant Staphylococcus aureus, instituindo-se também terapêutica com Vancomicina. A colonoscopia não identificou alterações da mucosa intestinal. As hemoculturas, coproculturas, pesquisa de ovos, quistos e parasitas nas fezes, o teste IGRA, e os doseamentos de ANCA, AMA e Alfafetoproteína foram negativos. A Calprotectina fecal estava elevada (2064ug/g, referência <200). Ao 30º dia de antibioterapia verificava-se melhoria clínica e resposta analítica favorável. Foi repetida avaliação imagiológica comparativa por TC que mostrou lesões hepáticas de aspecto residual, sem evidência de fístulas. Nesta fase foi feita avaliação imagiológica comparativa, tendo sido identificadas no exame inicial fístulas de ponto de partida no apêndice vermicular, o que permitiu estabelecer o diagnóstico de Apendicite Crónica. DISCUSSÃO: Este caso demonstra como o diagnóstico de Apendicite Crónica pode ser complexo, alertando para a necessidade de incluir esta entidade no diagnóstico diferencial de queixas abdominais inespecíficas, de forma a evitar as complicações que lhe estão frequentemente associadas.