INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DESCOMPENSADA: A PONTA DE UM ICEBERG
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P760 - Resumo ID: 1871
Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
Círia SOUSA, Daniela VIANA, Natália LOPES, Fernando SALVADOR, Paula VAZ MARQUES
Os estados edematosos cursam com várias patologias, nomeadamente a insuficiência cardíaca, cirrose, síndrome nefrótico, e alterações do sistema venoso ou linfático.
O carcinoma epitelial do ovário constitui cerca de 70% dos carcinomas do ovário sendo a segunda causa mais comum de morte ginecológica em países desenvolvidos. A sintomatologia pouco especifica é uma característica da sua apresentação. Nas formas agudas, habitualmente em estádios mais avançados, com derrame pleural, obstrução intestinal ou tromboembolismo venoso, enquanto nas formas sub-agudas, com sintomas pélvicos e abdominais, ou enquanto achado incidental de uma massa anexial. A apresentação com edema do membro inferior por trombose venosa não é incomum.
Apresentamos um caso clínico de uma doente de 64 anos, autónoma nas atividades de vida diária, com comorbilidades cardiovasculares (insuficiência cardíaca, fibrilhação auricular e hipertensão arterial), referenciada à consulta de medicina interna em outubro de 2018, após duas vindas ao serviço de urgência, interpretadas como episódios de insuficiência cardíaca descompensada. Na apresentação, edemas exuberantes dos membros inferiores, que motivaram quadro de progressiva perda da capacidade de deambulação num período de dois meses. Apresentava ortopneia com igual período de evolução, sem agravamento do padrão de dispneia ou dispneia paroxística nocturna. Analiticamente com hemoglobina 11.4mg/dl, leucócitos 9900, plaquetas 339000, sem alterações da função renal ou hepática, PCR 13mg/dL e Pro-BNP 1831pg/ml.
Admitida ao internamento para otimização do quadro congestivo e da terapêutica modificadora de prognóstico da insuficiência cardíaca, e exclusão de outras causas de edemas periféricos refratários à terapêutica diurética.
Evolução favorável com melhoria paulatina dos edemas periféricos, mas com assimetria dos membros e dor intensa associada. Foi realizada ecografia abdominal e ecodoppler do membro inferior, para exclusão de processo trombótico. Na ecografia foi encontrada volumosa massa quística complexa para-anexial, de dimensões 12.8x10cm e extensão vesical, altamente sugestiva de processo neoformativo. Posteriormente realizou tomografia axial computorizada que evidenciou extenso envolvimento da região pélvica e evidência de metastização pulmonar, hepática e óssea difusa. Doente discutida multidisciplinarmente, com confirmação já em regime de ambulatório de carcinoma do ovário. Foi admitida para iniciar quimioterapia no serviço de oncologia, com progressiva deterioração do estado geral e sem condições para iniciar tratamento, tendo vinda a falecer a 31.12.18.
O presente caso pretende refletir a importância de um estudo detalhado perante apresentações atípicas, ou muito graves, de patologias frequentes, como a insuficiência cardíaca. Os carcinomas do ovário apresentam cursos indolentes, sendo diagnosticados frequentemente em exames imagiológicos durante a investigação de outras patologias.
O carcinoma epitelial do ovário constitui cerca de 70% dos carcinomas do ovário sendo a segunda causa mais comum de morte ginecológica em países desenvolvidos. A sintomatologia pouco especifica é uma característica da sua apresentação. Nas formas agudas, habitualmente em estádios mais avançados, com derrame pleural, obstrução intestinal ou tromboembolismo venoso, enquanto nas formas sub-agudas, com sintomas pélvicos e abdominais, ou enquanto achado incidental de uma massa anexial. A apresentação com edema do membro inferior por trombose venosa não é incomum.
Apresentamos um caso clínico de uma doente de 64 anos, autónoma nas atividades de vida diária, com comorbilidades cardiovasculares (insuficiência cardíaca, fibrilhação auricular e hipertensão arterial), referenciada à consulta de medicina interna em outubro de 2018, após duas vindas ao serviço de urgência, interpretadas como episódios de insuficiência cardíaca descompensada. Na apresentação, edemas exuberantes dos membros inferiores, que motivaram quadro de progressiva perda da capacidade de deambulação num período de dois meses. Apresentava ortopneia com igual período de evolução, sem agravamento do padrão de dispneia ou dispneia paroxística nocturna. Analiticamente com hemoglobina 11.4mg/dl, leucócitos 9900, plaquetas 339000, sem alterações da função renal ou hepática, PCR 13mg/dL e Pro-BNP 1831pg/ml.
Admitida ao internamento para otimização do quadro congestivo e da terapêutica modificadora de prognóstico da insuficiência cardíaca, e exclusão de outras causas de edemas periféricos refratários à terapêutica diurética.
Evolução favorável com melhoria paulatina dos edemas periféricos, mas com assimetria dos membros e dor intensa associada. Foi realizada ecografia abdominal e ecodoppler do membro inferior, para exclusão de processo trombótico. Na ecografia foi encontrada volumosa massa quística complexa para-anexial, de dimensões 12.8x10cm e extensão vesical, altamente sugestiva de processo neoformativo. Posteriormente realizou tomografia axial computorizada que evidenciou extenso envolvimento da região pélvica e evidência de metastização pulmonar, hepática e óssea difusa. Doente discutida multidisciplinarmente, com confirmação já em regime de ambulatório de carcinoma do ovário. Foi admitida para iniciar quimioterapia no serviço de oncologia, com progressiva deterioração do estado geral e sem condições para iniciar tratamento, tendo vinda a falecer a 31.12.18.
O presente caso pretende refletir a importância de um estudo detalhado perante apresentações atípicas, ou muito graves, de patologias frequentes, como a insuficiência cardíaca. Os carcinomas do ovário apresentam cursos indolentes, sendo diagnosticados frequentemente em exames imagiológicos durante a investigação de outras patologias.