Unidade Local de Saúde do Alto Minho

Um homem de 60 anos é admitido no Serviço de Urgência com queixas de dispneia em agravamento nos dois dias anteriores. Inicialmente para médios esforços, apresentava agora dispneia em repouso. Tratava-se de um doente emigrante que tinha chegado há poucos dias de viagem de avião. Tinha antecedentes de hábitos tabágicos de 40 Unidades Maço Ano, com doença enfisematosa de longa data, história de hipertensão e dislipidemia e que tinha sido submetido a lobectomia superior esquerda um ano antes em contexto de adenocarcinoma.
Apresentava-se polipneico, com tiragem global, cianose labial e diaforese. Apresentava saturação de O2 de 90% com máscara facial de alto débito, taquicardia de 105 batimentos por minuto e hipertensão de 159/98 mmHg. Ao exame físico era notória extinção de murmúrio vesicular no hemitorax direito, associado a timpanismo à percussão, levantando suspeita de pneumotórax hipertensivo à direita. A radiografia de tórax confirmou essa suspeita.
Foi introduzido um dreno torácico de grande calibre no 5º espaço intercostal na linha médio axilar com resolução imediata do quadro descrito. Após estabilização, o doente foi transportado à sala de tomografica computorizada (TC) para realização de imagem para caracterização do parênquima e para compreender a extensão da sua doença respiratória crónica.
A imagem obtida mostrava de facto expansão completa do pulmão direito após introdução do dreno torácico. Contudo, a área de parênquima pulmonar era apenas uma pequena fracção relativamente às exuberantes bolhas de enfisema do hemitórax direito, que ocupavam inclusivamente o espaço livre deixado pela lobectomia superior do hemitórax esquerdo.
O doente manteve-se estável no internamento em Medicina Interna, e foi-lhe recomendado, naturalmente, que não regressasse a França por via aérea.