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ESTADO DE MAL EPILÉPTICO SECUNDÁRIO A INTOXICAÇÃO COM TEOFILINA
Urgência / Cuidados Intermédios e Doente Crítico - E-Poster
Congresso ID: P857 - Resumo ID: 188
Hospital Divino Espírito Santo, E. P. E.
Mariana Santos, Magda Sofia Ventura, Grimanesa Sousa, Miriam Cimbron, Abel Alves, Clara Paiva

O estado de mal convulsivo é caracterizado por atividade convulsiva contínua ou mais do que 1 convulsão sem recuperação pós-ictal, com duração mínima de 5 minutos. Pode ser originado por lesão estrutural aguda no cérebro, incumprimento terapêutico em epiléticos, síndrome de abstinência alcoólica, de barbitúricos ou benzodiazepinas; distúrbios metabólicos, sépsis ou por intoxicação por fármacos (p.e. teofilina, múltiplos antibióticos, ADT, lítio, clozapina, flumazenil, ciclosporina, lidocaína, bupivacaína).
Trata-se de um caso de uma mulher de 60anos, com antecedentes de obesidade, hipertensão arterial e asma medicada cronicamente com teofilina 225mg. Recorreu ao SU por convulsão no domicílio, sem pródromos, com dois novos episódios durante o transporte para o hospital e sem recuperação do estado de consciência. Ao exame físico encontrava-se hemodinamicamente estável mas em coma (GCS O1V1M4), com desvio conjugado do olhar para a direita e bradipneica, pelo que foi submetida a entubação orotraqueal e instituída ventilação mecânica invasiva, sob terapêutica sedativa com midazolam e propofol e terapêutica antiepilética com levetiracetam. Gasometria à entrada com acidose mista grave e hiperlactacidémia (pH 6,7, pCO2 124, pO2 77, bicarbonato 15.7, SatO2 79.2%, Lactato 12,86). Analiticamente com ligeiro agravamento da função renal (ureia 28mg/dl e creatinina 1,45mg/dL), hipocalémia (3.02mmol/L) e doseamento de teofilina muito elevado (73,7ug/mL). Foi realizado TC-CE que revelou enfartes lacunares antigos fronto-parietais. Fez punção lombar (normal) e realizou um EEG que demonstrou atividade paroxística temporal frequente. Foi admitida na UCIP por impossibilidade de desmame de proprofol e midazolam por novos episódios convulsivos. O quadro evoluiu favoravelmente com descida progressiva da teofilinémia sob fluidoterapia agressiva, sem necessidade de técnica dialítica, cursando com recuperação do estado de consciência e possibilidade de extubação. Após transferência para o Serviço de Medicina Interna apresentou períodos de confusão mental associados a alucinações visuais e auditivas. Apurou-se ainda que a doente tomava diariamente doses excessivas de teofilina (4-6cp/dia) pois acreditava que tal lhe permitia aliviar as queixas associadas à asma. Foi avaliada pela Psiquiatria, tendo sido diagnosticado quadro demencial de etiologia provável mista (vascular/senil) e com necessidade de seguimento regular em consulta.
Salienta-se a teofilina como fármaco amplamente usado em patologias respiratórias, por vezes de forma crónica e sem controlo regular, cuja intoxicação associa-se a elevada mortalidade por risco de convulsões, arritmias e hipotensão e a necessidade de intervenção médica precoce e célere.