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NEM TUDO AQUILO QUE PARECE É
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG257 - Resumo ID: 1899
Centro Hospitalar Médio Tejo
Catia Teixeira, Alexandra Dias, Fatima Pimenta
A neurofibromatose tipo II é uma doença autossómica dominante, rara, que se caracteriza pela presença de múltiplas neoplasias benignas do sistema nervoso central e periférico.
O caso apresentado é o de uma mulher de 69 anos, autónoma, que recorre a consulta de medicina interna por se apresentar deprimida, evidenciando ainda cansaço, anorexia, alterações do comportamento e desconfiança para com o marido de seis meses de evolução. Anteriormente, fora avaliada em consulta de psiquiatria, tendo iniciado antidepressivos, sem qualquer melhoria. Como antecedentes pessoais, de referir um internamento prolongado na infância para estudo de lesão da face e hipoacusia bilateral de anos de evolução.
Ao exame objetivo apresentava uma lesão que ocupava toda a hemiface direita com características de neurofibroma plexiforme. Sem alterações no exame neurológico.
Tendo em conta a não melhoria com tratamento com antidepressivos e a suspeita de uma neurofibromatose, realizou tomografia computorizada de crânio e, posteriormente, uma ressonância. Nesta era percetível uma volumosa massa bifrontal compatível com meningioma, tendo inserção na foice cerebral e extensão para ambos os hemisférios, comprimindo, assim, a face interna e ambos os lobos frontais, com dimensões de 6cm por 6,5cm. Visualizavam-se também Schwanomas vestibulares bilaterais, meningioma com inserção no dorso selar, pequenos meningiomas na tenda cerebelosa e ainda neurofibroma plexiforme nos tecidos moles cervicais.
Segundo as guidelines internacionais, os achados neste caso clínico são suficientes para confirmar o diagnóstico de neurofibromatose tipo 2, uma doença rara e que requer uma vigilância clinica apertada.
Este caso demonstra a importância de realizar exclusão de lesões orgânicas em doentes que apresentam sintomatologia psiquiátrica de novo. É evidente na imagem a importância da vigilância destes doentes com neoplasias benignas, mas que podem apresentar um comportamento que coloca em risco a vida dos doentes.