Sergio Alves, Miguel Alves, Cristiana Batouxas, Elisa Tomé, Raquel Gil, Tiago Ceriz
Introdução
A Doença de MoyaMoya é uma doença vaso-oclusiva cerebral com envolvimento particular do polígono de Willis e das artérios que o irrigam, que provocam novas redes vasculares adjacente aos vasos estenosados. Pode manifestar-se por Doença cerebroVascular
Existem vários casos já descritos de possível associação entre esta entidade e sindromes anginosos cardíacos. Estes doentes apresentam as duas patológias e após estudo coronário invasivo não é encontrada doença coronária epicárdica significativa
Caso Clínico
Homem de 52 anos, autónomo com hemiparésia direita e disartria sequelares resultantes de Hematoma cerebral prévio atribuído a Doença de MoyaMoya. Encontrava-se a aguardar Bypass craniano nesse contexto.
Recorre ao Serviço de Urgência por dor precordial de novo, com dois dias de evolução, intermitente, desencadeado pelo esforço e melhoria com o repouso. Seria o segundo episódio em duas semanas, tendo o primeiro cedido a analgesia. A admissão encontrava-se consciente, colaborante e orientado, sem défices neurológicos focais de novo, hemiparesia direita grau 4, eupneico em ar ambiente, ligeiramente hipertenso, 154/91mmHg, eucárdico, sem achados auscultatórios cardiopulmonares e restante exame objectivo normal. O electrocardiograma demonstrava ritmo sinusal, sem sinais de isquemia, sem alterações gasimétricas ou analíticas, e a radiografia torácica apresentava apenas ligeiro aumento do Indice cardiotorácico, sem outras alterações. Decidio internamento para vigilância e posterior estudo invasivo com ecocardiograma transtorácico e caterismo cardíaco. O estudo ecografico revelou disfunção segmentar do ventrículo esquerdo. O estudo por cateterismo não mostrou doença epicárdica significativa.
O doente evoluiu positivamente com introdução de nitratos e antagonistas dos canais de cálcio
Discussão
A etiologia da doença de MoyaMoya é ainda desconhecia, podendo ser considerada uma doença arterial sistémica. O clínica responsável pelo acompanhamento deste tipo de doentes deverá estar ciente da possibilidade de doença cardíaca isquémica a par das manifestações neurológicas. A informação ao doente sobre a possibilidade de sintomas cardiacos é importante para que o mesmo recorra ao apoio médico. Esta descrição vem reforças a possível associação entre as duas patologias