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PÉ DIABÉTICO - FOCO NOS FATORES DE RISCO CARDIOVASCULARES E SUA RELAÇÃO COM COMPLICAÇÕES MICRO E MACROVASCULARES
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - Comunicação
Congresso ID: CO127 - Resumo ID: 1908
Hospital Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPER
Carolina Chaves, Alfredo Chavez, Clara Paiva
A prevalência da Diabetes mellitus (DM) em Portugal tem aumentado e estima-se que mais de 200 mil portugueses com DM possam vir a desenvolver uma úlcera por pé diabético1. A doença macrovascular é mais prevalente nos doentes com úlceras de pé diabético do que naqueles sem essa complicação2.
O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil de risco cardiovascular (RCV) dos utentes com DM seguidos em consulta de Pé Diabético e compreender a sua relação com o risco de desenvolvimento de úlcera e amputações.
Realizámos um estudo retrospetivo, descritivo, de uma população com DM seguida em consulta multidisciplinar de Pé Diabético (Medicina Interna, Cirurgia Geral e Cirurgia Vascular). Foram consideradas variáveis demográficas, metabólicas(HbA1c), de RCV e complicações microvasculares e macrovasculares. Os dados foram processados recorrendo ao programa Microsoft Office Excel®.
Foram estudados 181 indivíduos (50% do sexo masculino) com idade mediana de 66 anos (mínimo-máximo: 40-95 anos). Registaram-se 118 indivíduos (65.2%) com hábitos tabágicos, 139 (76.8%) com hipertensão arterial e 80 (44.2%) com IMC>30 Kg/m2. A HbA1c média foi de 8,2%. No que diz respeito à prevalência de amputação major, amputação minor e de úlceras prévias, esta foi de 2.8%, 23.8% e 7.3%, respetivamente.
No total da amostra e quanto às complicações microvasculares, a prevalência nefropatia e retinopatia foi de 17.1% e 11.6%, respetivamente. Quanto às complicações macrovasculares, a prevalência de doença cardiovascular, doença cerebrovascular e doença arterial periférica foi de 17.7%, 13.3% e 25.4%, respetivamente.
A HbA1c média nos indivíduos com história de amputação ou úlcera foi superior (9.8%) aos doentes sem história desta complicação (7.4%).
A prevalência de complicações microvasculares nos indivíduos com e sem história prévia de amputação ou úlcera foi de 29,8% e 28,2%, respetivamente. A prevalência de complicações macrovasculares nos indivíduos com e sem história prévia de amputação ou úlcera foi de 73,3% e 29,8%, respetivamente.
Nos doentes sem história de amputação ou úlcera a complicação mais prevalente foi microvascular, já que 19,4% dos doentes tinham o diagnóstico de nefropatia diabética. Por sua vez, nos indivíduos com história de úlcera ou amputação, a complicação mais frequente foi macrovascular, sendo que a doença arterial periférica estava presente em 42,1% destes doentes.
Em conclusão, verificámos maior prevalência de complicações macrovasculares nos indivíduos com antecedentes de amputação ou úlcera. A presença destes eventos na história pregressa do utente poderá ser útil para sinalizar ao clínico os indivíduos com maior perfil de risco macrovascular, permitindo a intensificação do seu esquema terapêutico e eventual diminuição da frequência de eventos macrovasculares.
1)M Dantas; Pé Diabético, soluções para um grande problema; Bial; 2018; 2)Tuttolomondo A; et al; Diabetic Foot Syndrome as a Possible Cardiovascular Marker in Diabetic Patients; JDR; 2015