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QUANDO PARECE QUE NADA MAIS HÁ A FAZER – O BENEFÍCIO DA INTERVENÇÃO CLÍNICA HOLÍSTICA E INTEGRADA
Cuidados paliativos - E-Poster
Congresso ID: P011 - Resumo ID: 1923
Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
Emanuel Cadavez, Márcia Mendonça, Margarida Inácio, Anabela Morais
Os Cuidados Paliativos (CP) são uma intervenção multidisciplinar com foco na pessoa doente e na sua família, procurando dar uma resposta ativa, holística e integrada aos problemas da doença prolongada, incurável ou progressiva, que visa o conforto, dignidade, autonomia e se possível o aumento do tempo de vida.

Senhor de 75 anos, reformado, casado, cuidado pela esposa idosa e filha.
Adenocarcinoma do reto (pTG2M0) em 2012, submetido a quimio/radioterapia. Cirurgia em Jan/14, complicada com deiscência do coto e ventre agudo – realizou colostomia em Maio/14. Progressão com invasão da pelve, fistulização cutânea e formação de abcesso nadegueiro. Em Maio/15, estadio IV por metastização hepática. Diagnóstico de adenocarcinoma do pulmão estadio IV (T4N2M1a), submetido a quimioterapia com intuito paliativo. Múltiplos internamentos por sépsis e pancitopenia. Progressão com metastização óssea e polineuropatia paraneoplásica, com deterioração clínica, acamamento e dependência total.
Solicitada avaliação pela equipa de CP em Jul/15: doente com dor óssea e abdominal de intensidade 6-7, dispneia para pequenos esforços dependente de OLD, hemoptises episódicas e depressão severa. Febre episódica recorrente, drenagem purulenta pela fístula nadegueira, caquexia, Palliative Performance Scale (PPS) 30%, Karnofsky Performance Status Scale (KPSS) de 20% e Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) de 4. Pancitopenia com anemia sintomática. A esposa exausta e deprimida.
Admitido na Unidade de internamento de Cuidados Paliativos (UCP) para otimização clínica e sistematização da intervenção bio-psico-social.
Intervenção clínica: a)Metastização óssea sintomática e dor abdominal controladas com escalada da analgesia opióide e adjuvante; b)Fístula/abcesso drenados e sob antibioterapia dirigida; c)Dispneia e hemoptises controladas com antihemorrágicos e cinesiterapia respiratória; d)Anorexia/caquexia controladas com anti-anorexiantes e plano dietético dirigido; e)Depressão resolvida com antidepressivos e intervenção psicoterapêutica junto do doente e esposa. f)Polineuropatia, iniciou programa de reabilitação funcional. Quimioterapia suspensa definitivamente.
Intervenção social: Adequação do apoio ao cuidador no domicílio, ajudas técnicas e realização de obras na casa para facilitar a mobilidade e autonomia do doente. Promoção da autonomia e socialização.
Ao 4º mês de seguimento observado em consulta, assintomático com recuperação ponderal, PPS 60%, KPSS 60%, ECOG 2. Expectativas do doente e família ajustadas à situação.
Foi seguido por 18 meses, manteve o seu grau de autonomia e bom controlo sintomático. Sem recorrer ao serviço de urgência. Com 4 internamentos na UCP para controlo sintomático, o último para cuidados de fim de vida.
Com este caso pretende-se evidenciar o benefício da intervenção clínica holística, integrada e realizada por uma equipa multidisciplinar, com claro impacto na qualidade de vida e possivelmente na sobrevida e redução dos custos assistenciais.