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UMA TETRAPARÉSIA (IN)EXPLICÁVEL
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Caso Clínico
Congresso ID: CC105 - Resumo ID: 1932
Serviço Medicina 2, Centro Hospitalar de Leiria
Ana Ponciano, Ana Margarida Cabral, José Leite, Célio Fernandes
Introdução:
A sarcoidose ocorre geralmente na 4ª ou 5ª décadas de vida, frequentemente com atingimento pulmonar. Contudo, pode envolver o sistema nervoso e, apesar de raro, exsitem relatos de neuropatia associada, que se caracteriza por neuropatia sensitivo-motora, de progressão distalo-proximal e que pode mimetizar outras neuropatias como a Síndrome de Guillain-Barré.

Caso clínico:
Os autores apresentam um caso de um homem de 43 anos, com antecedentes de diabetes mellitus tipo 2 com 3 anos de evolução e bom controlo metabólico, admitido em internamento por quadro de tetraparésia com 1 semana de evolução e de agravamento progressivo. Sem história de infecção prévia recente ou outras queixas antes do inicio do quadro. A observação neurológica apresentava tetraparésia grau 4, simétrica e de predomínio proximal,disfonia e disfagia, sem alterações da sensibilidade termo-álgica mas da propriocepção; hiporreflexia generalizada com marcha instável, de base alargada, mas sem dismetria na prova dedo-nariz. Do estudo complementar realizado, punção lombar sem alterações, serologias negativas, destacando-se apenas doseamento sérico elevado da enzima conversora de angiotensina, sem alterações no estudo imagiológico do neuroeixo ou electroencefalograma. A electromiografia dos membros superiores e inferiores foi compatível com polineuropatia sensitivo-motora adquirida. A tomografia computorizada de tórax identificou a presença de múltiplas adenopatias mediastínicas, tendo sido submetido a mediastinoscopia, cuja histologia confirmou o diagnóstico de sarcoidose. Iniciou tratamento com corticoide e verificou-se melhoria progressiva. No follow -up aos 6 meses já apresentava melhoria da força muscular conseguindo caminhar sem necessidade de auxilia-res de marcha.

Discussão:
Não existe até ao momento nenhuma terapêutica definitiva para a neurosarcoidose. No entanto, a corticoterapia constitui a base de tratamento e, mais recentemente, o recurso a outros imunomodeladores tem revelado resultados animadores. Existem também a possibilidade de remissão espontânea, mas encontra-se restrita a escassos relatos de caso. O envolvimento do sistema nervoso central acarreta pior prognóstico que o envolvimento periférico. No entanto, esta patologia necessita de um elevado grau de suspeição clínica para diagnóstico e tratamento atempados e adequados.