Serviço de Medicina Interna, Hospital de São Bernardo, Centro Hospitalar de Setúbal,
Carolina Palma, Ricardo Pereira, Inês Costa Santos, Joana Patrício, Ana Catarina Emídio, Joana Carreira, Beatriz Navarro, Hugo Jorge Casimiro, Mário Parreira, Ermelinda Pedroso
As pneumonias devidas a Staphylococcus aureus correspondem a 5% dos casos registados.
Sendo a sua apresentação, na maioria dos casos, aguda ou até mesmo fulminante, o prognóstico desta patologia é, em regra, reservado. O mecanismo de patogénese mais comum é a pneumonia associada ao ventilador, mas não devem ser descartados outros processos fisiopatológicos, nomeadamente a pneumonia por focalização secundária a bacteriémia.
Apresenta-se o caso de um jovem de 19 anos, desportista federado, com antecedentes pessoais de asma brônquica. Recorreu ao Serviço de Urgência Geral por quadro com 48 horas de evolução, caracterizado por febre, mal-estar geral e toracalgia direita, do tipo pleurítica. Ao exame objetivo apresentava-se febril, hemodinamicamente estável, eupneico com auscultação cardíaca e pulmonar sem alterações; constatatou-se ainda tumefação na face anterior da perna esquerda com drenagem espontânea de conteúdo purulento- quando questinonado, o doente referiu manipulação da lesão uma semana antes das queixas que motivaram a vinda ao Serviço de Urgência.
Analiticamente apresentava aumento dos parâmetros inflamatórios; radiologicamente sem alterações de relevo no parênquima pulmonar. No entanto, foi solicitada TC torácica que revelou “focos de condensação parenquimatosa subnodulares bilaterais particularmente no lobo médio, língula e lobo inferior esquerdo, com pequenas cavitações no seu seio de parede espessada- aspectos de natureza infecciosa”.
Foi colocada como hipótese diagnóstica principal pneumonia secundária a disseminação hematogénica, pelo que optou-se por iniciar empiricamente flucloxacilina após colheita de sangue exame para culturais, que posteriormente revelaram isolamento de Staphylococcus aureus meticilinosensível. Ao segundo dia de antibiterapia o doente encontrava-se apirético e com melhoria das queixas de toracalgia. Realizou ainda ecocardiograma transtorácico para exclusão de endocardite- sem evidência de vegetações valvulares.
Conclusão: Este caso salienta mais uma vez a importância de uma boa colheita de história clínica e de um exame objetivo pormenorizado, que neste caso nos permitiu identificar a porta de entrada que deu origem a bacteriémia, com posterior focalização pulmonar.