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HIPERTENSÃO NO IDOSO – CASO CLÍNICO
Medicina Geriátrica - E-Poster
Congresso ID: P847 - Resumo ID: 1944
Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Clínica Universitária de Medicina Interna, FMUC
Sandra Santos, Lídia Gomes, Ana Guiomar, Maria Teresa Brito, João Rua, Jorge Fortuna, Armando Carvalho
Introdução:
A hipertensão arterial (HTA) é um problema de saúde mundial e atinge elevadas prevalências em Portugal (~26%), nomeadamente na população idosa. É um factor de risco major para doença cardiovascular e determinante de agudizações de insuficiência cardíaca. Na maioria dos casos (90%) não se consegue identificar a etiologia (HTA essencial) e só em 5-10% há uma causa associada e potencialmente tratável (HTA secundária).

Caso clínico:
Mulher de 86 anos, foi levada ao SU por dispneia, alteração do estado de consciência e diminuição do débito urinário. Sofria de hipertensão de longa data, diabetes melittus tipo 2 e doença renal crónica (estádio IIIb). À admissão estava prostrada, hipertensa, polipneica, com cianose labial, aumento do tempo expiratório e ralas inspiratórias nas zonas de declive à auscultação pulmonar, assim como edemas dos membros inferiores. Apresentava insuficiência respiratória global, elevação da PCR, agravamento da função renal, aumento do NT-proBNP (17 000 pg/mL) e sumária da urina sugestiva de infecção. Foi medicada com amoxicilina/ácido clavulânico e anticongestivos e internada para estabilização. Respondeu bem à terapêutica, mas no 6º dia de internamento sofreu pico hipertensivo e novo edema agudo do pulmão (EAP). Foi optimizada a terapêutica anti-hipertensora com recurso a bloqueador de canais de calcio, dinitrato de isossorbido transdérmico, carvedilol, rilmenidina e furosemida em dose elevada. Após período de estabilidade com TA controlada, teve novo EAP com necessidade de perfusão de dinitrato e VNI, algo que repetiu em mais duas ocasiões, apesar de TA sistólica estabilizada nos 100-120 mm Hg fora das agudizações. Por isso, investigou-se a hipótese de HTA secundária. Não podendo interromper-se a terapêutica, os doseamentos de metanefrinas, catecolaminas, actividade de renina e aldosterona, cortisol, função tiroideia, cálcio, fósforo, não esclareceram a etiologia. Assim, realizou-se angioTC, que revelou a presença de estenose (EAR) hemodinamicamente significativa (>50%) na origem da artéria renal esquerda. A medicação anti-hipertensora foi optimizada com base em doses elevadas de inibidor da enzima conversora da angiotensina (IECA), com controlo da função renal, conseguindo-se finalmente a estabilização tensional persistente.

Discussão:
Não é habitual a pesquisa de causas de hipertensão secundária em idades avançadas, mas recomenda-se perante a hipertensão refratária ao tratamento, como neste caso. A prevalência de EAR ainda não é completamente conhecida, porém alguns estudos reportam taxas de cerca de 7% na população de idosos e a ocorrência de ´flash´ EAP é muito sugestiva. Apesar de não se ter esclarecido totalmente a causa da HTA, a arteriografia renal permitiu dirigir a medicação utilizada, com doses altas de IECA, decisivo para a estabilização tensional da doente.