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QUANDO UM SÍNDROME CONSUMPTIVO COM DISFAGIA NÃO É O QUE PARECE. PERCURSO INVULGAR DE UMA ENTIDADE FREQUENTE
Doenças cardiovasculares - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO023 - Resumo ID: 1947
Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, Unidade de Faro
Sara Duarte, André Santos, Diana Reis, Sérgio Silva, Catarina Jorge, Rita Fernandes, Ana Rodrigues, Domingos Sousa, Karolina Aguiar, Armindo Figueiredo
Introdução: A endocardite infecciosa da válvula não nativa é uma entidade cada vez mais frequente. Os critérios diagnósticos da ESC do ano 2015 exigem hemocultura positiva para um agente típico e a presença de vegetação evidenciada por ecocardiograma transesofágico.

Caso clínico: Homem, 57 anos, caucasiano. Portador de válvula aórtica e mitral biológicas desde 2008, sem evidência de disfunção ou estenose até 2017. Recorreu ao serviço de urgência por astenia, anorexia, perda ponderal progressiva de 10% e disfagia a sólidos com 1 mês de evolução. Ao exame objetivo, sem adenopatias nos locais disponíveis à palpação, sem sopros à auscultação cardíaca. Analiticamente apresentava Hb 118g/L normocítica/normocrómica; Leucocitose 20.3x10^9/L; PCR 142 mg/L, VS 77mm/s, FR 48 UI/ml (níveis normais <20,0 UI/ml). Hemoculturas à admissão positivas para S. gallolyticus. Estudo gastrointestinal normal. TAC tórax com adenopatias no mediastino médio. Colocada a suspeita de endocardite infecciosa das válvulas não nativas. No 5º dia de internamento, iniciou antibioterapia dirigida com Penicilina. Realizou ecocardiograma transesofágico, sem evidência de endocardite. Cerca de 3 semanas depois, foi realizada PET-FDG cardíaca, sem captação de radiofármaco a nível mediastínico nem cardíaco. Durante cerca de 3 semanas permaneceu apirético, com melhoria da astenia e sem anorexia. Ao 25º dia de antibioterapia iniciou quadro de febre e dispneia com elevação dos parâmetros inflamatórios, tendo sido feito switch terapêutico para Linezolida, Ceftazidima e Gentamicina com boa resposta clínica e analítica. Na mesma semana, foi reavaliado por ecocardiograma transtorácico, que mostrou duas vegetações, de 1 e 2 cm, na prótese biológica mitral. Foi transferido para o serviço de cirurgia cardiotorácica de hospital de referência, sendo submetido a implante de prótese mecânica mitral e aórtica. Regressou ao hospital de origem, para completar mais 28 dias de antibioterapia endovenosa.

O caso apresentado salienta que, em raras situações de infeção endocárdica peri-protésica, do anel valvular ou estruturas adjacentes, as vegetações podem não ser evidentes, sendo que, na presença de clínica, analítica e culturas positivas, deve-se assumir essa hipótese.