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AVC EM DOENTE JOVEM: UM ESTUDO RETROSPECTIVO
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Comunicação
Congresso ID: CO154 - Resumo ID: 1957
Unidade Local de Saúde do Alto Minho – Hospital de Santa Luzia, Viana do Castelo
Miguel Reis Costa, Marta Moreira, Pedro Pinto, Rosana Maia, Duarte Silva, Irene Miranda, Carmélia Rodrigues, Diana Guerra
INTRODUÇÃO: O acidente vascular cerebral (AVC) no adulto jovem é incomum, correspondendo a 5-15% do total de AVCs. Porém esta incidência tem vindo a aumentar, e com um impacto desproporcional em termos socioeconómicos uma vez que se trata de uma faixa etária no ativo.
OBJETIVOS: Pretende-se avaliar as caraterísticas demográficas, tipo de AVC, fatores de risco, evolução e mortalidade destes doentes para uma melhor prevenção e abordagem desta patologia.
MATERIAL E MÉTODOS: Estudo transversal selecionando os doentes com idade entre 18 e 55 anos internados no Serviço de Medicina Interna, entre os anos de 2017 e 2018 com diagnóstico principal de AVC.
RESULTADOS: Obtiveram-se 32 diagnósticos de AVC em adultos jovens com igual proporção entre género e uma média de idades de 48 anos (variando entre 30 e 55), a maioria com escala mRankin (mRs) prévio ao evento de zero (90,6%). De uma forma geral com maior prevalência dos factores de risco vasculares (FRV) nos homens. Quanto à tipologia de AVC, 34,4% foram hemorrágicos (AVCh), 28,1% isquémicos (AVCi), 25% acidentes isquémicos transitórios (AIT) e 12,5% tromboses venosas cerebrais (TVC). Relativamente à etiologia, segundo a classificação de TOAST, 55,6% foram devido a oclusão de pequenos vasos, 22,2% cardioembólicos, 11,1% com outra causa identificável (disseção carotídea) e 11,1% de causa indeterminada. Ainda nos AVCi, os FRV mais prevalentes foram a dislipidemia (88,9%), HTA (75%), obesidade (50%) e o tabagismo (37,5%). Uma distribuição semelhante foi encontrada nos AIT. Já nos AVCh, o alcoolismo (54,4%) foi mais prevalente, seguido da HTA (45,5%) e tabagismo (36,4%). A TVC ocorreu apenas em mulheres, com uma prevalência de dislipidemia e toma de contraceptivos orais de 50%, e obesidade em 25%. À data de alta nos casos de AVCi notou-se agravamento na mRs, em que 55,5% pontuava DISCUSSÃO: Corroborando outros estudos, há um predomínio de FRV tradicionais nos casos de AVCi em idades jovens, sobretudo em homens. Ao contrário do que é descrito verificou-se nesta revisão uma maior prevalência de dislipidemia do que HTA. No AVCh, e de acordo com a literatura, verificou-se uma alta prevalência de alcoolismo e HTA, sendo o tipo de AVC com pior prognóstico. A TVC tipicamente acontece em mulheres com toma de contraceptivos orais e obesas, constatando-se neste trabalho também maior prevalência de dislipidemia.
CONCLUSÃO: Assim, apesar de existirem fatores de risco específicos para doença cerebrovascular cuja expressão na população jovem não pode ser descurada, é importante identificar os FRV tradicionais, a maioria modificáveis, reafirmando a relevância do controlo destes, para reduzir a morbimortalidade associada ao AVC.