Catarina Pereira, Andreia Dias, Belmiro Alves, Diana Ferrão, Fernando Nogueira, José Marques, Pedro Soares, José Ferreira, Jorge Almeida
INTRODUÇÃO: As neoplasias de tumor primário oculto constituem uma minoria (4-5%) das neoplasias diagnosticadas, sendo que a maioria culmina no diagnóstico de adenocarcinoma, mas muitas vezes sem órgão identificado. CASO CLÍNICO: Género feminino, 64 anos antecedentes pessoais de diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia e hipertensão. Clínica de astenia e perda ponderal >10% em 3 meses (cerca de 7kg), e aparecimento de tumefações dorsais e occipital, com crescimento progressivo. Realizou em ambulatório ecografia da ´região dorsal posterior 2 formações nodulares de média ecogenicidade, heterogénea, contornos irregulares, muscular, provável envolvimento secundário/metastático´ e TAC cerebral com “volumosa lesão epicraniana parieto-occipital direita com erosão óssea adjacente a traduzir provável metastização” e radiografia tórax com ´área de densificação acentuada para-hilar direita, de contornos irregulares, sugestiva de corresponder a processo neoformativo.´ É internada no nosso hospital por metastização de tumor primário oculto. Realiza RMN Cerebral com “lesão expansiva extracraniana parieto-occipital direita com envolvimento dos tecidos moles e extensão trans-óssea intra-craniana, com dural tail sign e calcificações e 56mmx27mm e lesão parietal direita, em localização extra-axial, em íntima relação com a dura com 12,6mm, a traduzir provável metastização e menos provavelmente hemangiopericitoma” e TAC Cervico-toraco-abdomino-pélvico que revelou “volumosa massa neoplásica supra-hilar direita, 6,7cmx5,2 cm com envolvimento do brônquio lobar superior homolateral e invasão do mediastino e vários nódulos bilaterais secundários dispersos. Pequeno derrame pleural direito e pericárdico. Múltiplas adenomegalias no mediastínicas, aspeto necrótico. Moderada hepatomegalia em heterogénea sem evidência de lesões focais.” Realizou ecocardiograma transtorácico com “derrame pericárdico, circunferencial, de grande volume”. Ao longo do internamento hiperglicemias com necessidade de instituição de insulina de ação intermédia basal e esquema de correção rápida para melhor controlo metabólico. Clinicamente manutenção das queixas de astenia mas recuperação progressiva e aumento ligeiro do peso corporal. Realizou biópsia guiada por TAC de uma das lesões dorsais que mostrou tratar-se de “metástase de adenocarcinoma com imunorreatividade difusa para CK7 e restantes marcadores negativos, não esclarecendo origem primária”. Integração clínica, imagiológica e histológica, discussão Oncologia médica, assumido o diagnóstico de provável adenocarcinoma do pulmão e decida instituição de corticoterapia, e agendamento de radio e quimioterapia com intenção curativa. DISCUSSÃO: O presente caso clínico pretende evidenciar uma das possíveis apresentações de neoplasias de tumor primário oculto, com metastização subcutânea, cerebral e pericárdica numa doente sem clínica respiratória associada ou sem fatores de risco identificados para adenocarcinoma do pulmão, nomeadamente tabagismo.