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ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO NA EMBOLIA PULMONAR: UMA PROPOSTA DE OPTIMIZAÇÃO DA GESTÃO DE DOENTES
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO166 - Resumo ID: 1963
Hospital Central do Funchal
Diogo Raposo André, Fabiana Gouveia, Carolina Vasconcelos Barros, Rita Branquinho Pinheiro, Marina Raquel Santos, António José Chaves, Maria da Luz Brazão
INTRODUÇÃO: A Embolia Pulmonar Aguda (EP) é, a nível mundial, a terceira principal causa de morte de etiologia cardiovascular. Nestes doentes, a previsão e estratificação do prognóstico deve ser implementada para uma orientação terapêutica apropriada.
A estratificação deve considerar a documentação de disfunção ventricular direita por ecocardiograma transtorácico (ECO) ou angiotomografia computorizada (angioTC) e níveis elevados de biomarcadores cardíacos. Estes elementos definem um Risco Intermédio Alto (RIA) de mortalidade precoce, segundo o Pulmonary Embolism Severity Index (PESI). Perante este nível de risco deve ser considerada a admissão numa Unidade de Cuidados Intermédios (UCIm). Na ausência dos factores acima enumerados, é assumido um nível de Risco Intermédio Baixo (RIB), para o qual não estão definidas linhas orientadoras de admissão hospitalar. Face à incerteza da melhor abordagem, o Score de risco BOVA (ScB) permite identificar quais os doentes com maior probabilidade de desenvolver complicações relacionadas com EP.
OBJECTIVO: Identificar e caracterizar os doentes internados, num Hospital Central, com o diagnóstico de EP com RIB de mortalidade precoce e aplicar o ScB de forma a avaliar se a alocação dos doentes foi adequada.
MATERIAL E MÉTODOS: Estudo restrospectivo das características dos doentes internados com o diagnóstico de EP, segundo o International Classification of Diseases 10, durante o ano civil de 2017. A informação recolhida foi tratada através do IBM SPSS Statistics , versão 25. As variáveis contínuas serão apresentadas por média, desvio-padrão e/ou mediana; as categóricas como frequência (n) e percentagem (%).
RESULTADOS: A amostra é composta por 117 doentes, na sua maioria do sexo feminino (n = 76; 65%), dos quais 13 (11,1%) faleceram no decurso do internamento. A idade média foi de 69 ± 1,3 anos. À admissão, 83,8% dos doentes (n = 98) encontravam-se hemodinamicamente estáveis. Destes, 68% (n = 67) apresentavam um RIB de mortalidade precoce. Cerca de 2/3 destes doentes (n=40; 59,7%) foram admitidos em ambiente de enfermaria e os restantes (n=27; 40,3%) numa UCIm, apesar de 17, destes últimos, apresentarem um ScB baixo. Na amostra em estudo foram registados 3 (4,5%) óbitos que apresentavam sinais de sobrecarga cardíaca direita ao nível do electrocardiograma - padrão S1Q3T3, Bloqueio de Ramo Direito e inversão dos segmentos ST das derivações precordiais direitas – apesar de não estar documentada imagiologicamente (ECO ou AngioTC), de forma a serem aplicados os scores em estudo.
CONCLUSÃO: Estes resultados salientam a importância do ScB, no que toca à orientação e gestão dos doentes de RIB ao longo do internamento. O electrocardiograma, para além da ECO ou AngioTC, pode ser um método útil em identificar doentes com critério de gravidade, à semelhança dos doentes com disfunção cardíaca direita.