Gabriel Atanásio, Pedro Magalhães, Ema Neto, Filipa Sousa, Tiago Fernandes, Rafaela Veríssimo, Agripino Oliveira
Introdução: As fraturas do colo fémur são um dos principais problemas de saúde em todo o mundo e estão associadas a um excesso de mortalidade nos anos seguintes à fratura. A co-gestão deste modelo de cuidados demonstra em múltiplos estudos ter vantagens médicas, mas o seu impacto sobre a eficiência e segurança destas unidades não está estudado.
Objetivos: O objetivo primário deste trabalho foi a mortalidade ao longo de 3 anos e os secundários as intercorrências, tempo para cirurgia, demora média, admissão na rede nacional de cuidados continuados [RNCC] e grau de independência anterior à admissão e alta.
Material e métodos: Estudo prospetivo realizado num hospital terciário. A coorte incluiu os doentes admitidos na unidade durante 3 anos. Os dados foram colhidos na admissão e alta hospitalar pelo SClínico e a mortalidade foi verificada no registo nacional de utentes [RNU]. O grau de dependência foi estratificado pela escala de Katz e mRankim. Os objetivos da unidade eram mRankin=3 à data da alta, demora média de 10 dias, diminuta referenciação para RNCC e controlo das intercorrências. Fez-se uma análise descritiva dos dados e utilizou-se a regressão de Cox.
Resultados: Foram admitidos 330 doentes que corresponderam a 340 episódios de internamento. O sexo feminino teve representação de 80.9% e a média de idades foi de 83.9, com Percentil 90 de 93 anos. Obtivemos taxas de mortalidade intra-hospitalar de 2.65%, aos 30 dias de 4.71%, aos 6 meses de 10.5% e ao ano de 16.18%. Nos objetivos da unidade obtivemos 74.7% de mRankin=3 à data da alta, na demora média 47.6% cumpriu o objectivo, uma referenciação para RNCC de 7,1% e 86.5% de intercorrências. Na avaliação da taxa de sobrevivência houve associação para o objetivo mRankim [OR=1.85; p=0.008] e na independência na admissão Katz A [OR=3.54; p=0.0001].
Conclusões: A co-gestão do doente ortogeriátrico melhora os resultados de doentes com fratura do colo do fémur. A mortalidade ao ano foi de 16,18% nesta coorte, significativamente menor do que em estudos internacionais comparáveis. Esta co-gestão também pode ter impactos positivos nas intercorrências, no resultado funcional e o risco de fraturas subsequentes.