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GUESS WHO’S BACK: RE-ADMISSÕES POR INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO105 - Resumo ID: 1980
Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Hospital de Faro
Adriana Quitério, Hugo Costa, Teresa Silva, Ana Baptista, Eva Lourenço
Introdução: De acordo com vários estudos, a Insuficiência Cardíaca é a causa mais comum de hospitalização em doentes acima dos 65 anos sendo que a necessidade de recorrer ao serviço de urgência (SU) e internamento por descompensação está relacionada com despesas de saúde, qualidade de vida e prognóstico. O tratamento e correta abordagem desta síndrome poderá diferir de acordo com a sua caracterização e etiologia.
Objetivos: Determinar o número de internamentos por insuficiência cardíaca agudizada (crónica ou de novo) num dia nos serviços de Medicina Interna (MI) de um hospital central. Caracterizar a população e patologia (fração de ejeção – FE), avaliar as causas de agudização, número de admissões ao SU e internamentos durante o último ano, bem como a mortalidade.
Métodos: Estudo retrospetivo analítico descritivo com colheita de dados 15 dias após a referida data. Criados 4 grupos com base na FE documentada por ecocardiografia ou ausência de registo desta: IC-FEp- FE preservada (≥50%); IC-FEmr- FE moderada (40-49%); IC-FEr- FE reduzida (<40%); IC-FEd- FE desconhecida. Foi aferido o número de admissões no SU e internamentos por IC agudizada durante o ano anterior à data estabelecida e a mortalidade através dos registos de óbito.
Resultados: Identificados 50 doentes de um universo de 188 com idades compreendidas entre 58 e 96 anos (média de 82), sendo 52% do sexo feminino. Entre estes, 30% apresenta IC-FEp, 6% IC-FEmr, 20% IC-FEr, 44% IC-FEd. No total, verificaram-se 90 admissões no SU por agudização da IC (média de 1.8 admissões/doente e 52% com pelo menos 2) registando-se maior frequência nos doentes de IC-FEd e IC-FEp (33% cada). Ocorreram 70 internamentos (média de 1.4 internamentos/doente e 32% com pelo menos 2) com duração média de 14,5 dias, dos quais 37% corresponderam a IC-FEd e 31% IC-FEp. Das causas de agudização, 51% de admissões ao SU e 65% de internamentos ocorreram em contexto de infeções, a maioria com foco respiratório. Dos internamentos, 15% ocorreram por complicações das comorbilidades (anemia; enfarte agudo do miocárdio; acidente vascular cerebral; crise hipertensiva; trombo-embolismo pulmonar), 14% por progressão da doença de base e 3% por incumprimento terapêutico. Quanto à mortalidade, 18% dos doentes faleceram, dos quais 67% correspondiam a IC-FEd e 22% a IC-FEp.
Conclusões: A descompensação da IC foi responsável por cerca de 1/3 de todos os internamentos em MI no período avaliado, sendo que 1/3 destes terá tido outro internamento no último ano pelo mesmo motivo. Das causas de agudização, a maioria corresponde a infeções respiratórias, tornando-se premente a profilaxia através da vacinação anti-gripal e pneumocócica. Verificaram-se mais recorrências ao SU, internamentos e mortalidade associada nos grupos IC-FEp e IC-FEd. Tendo em conta que IC-FEd corresponde a patologia não caracterizada, a correta classificação deverá fazer parte da abordagem do clínico, pois poderá ter impacto no tratamento e prognóstico.