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UTILIZAÇÃO DA NOVA CLASSIFICAÇÃO DE DIABETES COM INICIO NA IDADE ADULTA EM CONSULTA ESPECIALIZADA DE DIABETES – CASUÍSTICA
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - Comunicação
Congresso ID: CO126 - Resumo ID: 1992
Centro Hospitalar Tâmega e Sousa
Ana Pacheco, Ana Silva Rocha, Ana Filipa Pires, Hugo Pinheiro, Liliana Torres, Zélia Lopes, Mari Mesquita
Introdução:A classificação da diabetes em tipo 1 e tipo 2 tem-se mantido praticamente intacta nos últimos 20 anos. Em Março de 2018 um grupo de investigadores escandinavos propôs nova classificação de diabetes do adulto em 5 grupos. Esta classificação permite distinguir indivíduos com risco de complicações ao diagnóstico e gerir de forma individualizada a terapêutica.
Objetivos: Aplicar a nova classificação nos doentes observados em consulta de Medicina Diabetes e avaliar as comorbilidades e lesões de órgão alvo.
Métodos: Estudo observacional retrospetivo por consulta do processo clínico dos doentes avaliados num semestre da consulta em 2018. Recolhidos dados demográficos, HbA1c, lesões de órgão alvo e comorbilidades; a idade de diagnóstico, presença de autoimunidade e função estimada da célula B pancreática (pelo doseamento de peptídeo C). Os doentes foram agrupados segundo a nova classificação.
Resultados:Foram avaliados os processos clínicos de 199, excluíram-se 116 doentes sem doseamento de peptídeo c, incluídos no estudo 83 doentes. 51 mulheres e 32 homens, média de idades de 59,9  2,4, média de HbA1C atual 8,3  0,3 e média de peptídeo C 1,9  0,2. Segundo os critérios definidos foram agrupados: 4 doentes no grupo 1, 10 doentes no grupo 2, 55 doentes no grupo 3, 12 doentes no grupo 4 e 2 doentes no grupo 5. A relação com lesões de órgão alvo com significância estatística (p<0,05): observa-se uma maior ocorrência de retinopatia nos grupos 1 e 2 (50% e 40% respetivamente), de nefropatia nos grupos 3 e 4 (40% e 42%, respetivamente), de dislipidemia nos grupos 3 e 4 (83% em ambos) e de HTA também nos grupos 3 e 4 (85% e 83%, respetivamente). Foram avaliadas a doença cerebrovascular, a cardiopatia isquémica e pé diabético, não se tendo identificado significado estatístico.
Conclusão/discussão:Na consulta são seguidos doentes com mais difícil controlo metabólico o que justifica a maior percentagem de doentes do grupo 3 (insulinorresistência grave). Os grupos 1 (auto-imunidade grave) e 5 (ligeira relacionada com a idade) têm uma representação minor. No grupo 1 incluem-se doentes habitualmente seguidos em Endocrinologia e no grupo 5 incluem-se doentes habitualmente seguidos por Medicina Geral. Em relação às lesões de órgão alvo, este estudo está de acordo com a literatura, com maior associação retinopatia aos grupos com insulino-carência. A nefropatia observa-se numa elevada percentagem de doentes do grupo 3, conforme descrito na literatura. Na nossa amostra de doentes observa-se prevalência elevada de nefropatia no grupo 4 (obesos não insulino resistentes). Os doentes foram classificados segundo o peptídeo C atual podendo ser um viés na classificação como não insulinorresistentes.
Os autores encontram benefícios na utilização da nova classificação de diabetes por ajudar a identificar os doentes cuja vigilância e tratamentos específicos devem ser intensificados desde o diagnóstico.