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SEPSIS POR ENTEROBACTERIÁCEAS PRODUTORAS DE CARBAPENEMASES
Doenças infeciosas e parasitárias - Comunicação
Congresso ID: CO004 - Resumo ID: 1994
Centro Hospitalar do Porto
João Gonçalves, Ana Vigário, Ana Rita Costa, Guiomar Pinheiro, Ernestina Reis, João Araújo Correia
SEPSIS POR ENTEROBACTERIÁCEAS PRODUTORAS DE CARBAPENEMASES
INTRODUÇÃO:
A emergência de enterobacteriáceas produtoras de carbapenemases (EPC) apresenta-se como uma crescente ameaça para os serviços de saúde a nível mundial. As opções para o tratamento de infeções causadas por estes agentes são limitadas. A experiência mundial com esta realidade é limitada.
OBJETIVO
Com este estudo pretendeu-se averiguar a realidade da infeção por EPC num centro hospitalar Português, nomeadamente verificar a eficácia das terapêuticas utilizadas e auditar as práticas na gestão destes casos.
MÉTODOS
Foi realizada uma análise de registo prospetivo no contexto do programa de rastreio da colonização e infeção por EPC da Comissão de Controlo Infeção e Resistências aos antimicrobianos (CCIRA) de um centro Hospitalar entre os anos de 2016-2018. Foram considerados infetados todos os doentes com amostra microbiológica positiva para EPC considerada como infeção pela equipa assistente. Foram incluídos na análise todos os doentes com critérios de sepsis (definidos com a presença de score de SOFA ≥ 2).
RESULTADOS
Foram analisados de 92 casos de sepsis por EPC (num total de 182 infeções). A idade média foi de 69.56 +- 14.78 anos sendo 66.3% dos doentes do sexo masculino. A taxa de mortalidade global foi de 43.8% e a taxa de mortalidade atribuível a infeção de 31.4%. O foco mais comum foi o urinário (45.7%) seguido do respiratório (22.8%) e abdominal (12%). Verificou-se a presença de sensibilidade mantida ao meropenem em 22.1% das amostras relacionadas com os episódios de infeção. Nas amostras em que foi efetuada avaliação de MICs por método de diluição, verificou-se que 13/17 amostras (76,47%) apresentavam MIC para o meropenem ≤ 8 mg/dl. De acordo com os dados existentes na literatura, verificou-se que o uso de terapêutica empírica com um agente ativo na estirpe EPC se associou de forma significativa a menor mortalidade global (18,2% vs 53,2%, p=0,032) e a tendência para menor mortalidade atribuível a infeção (22.2% vs 42.2%, p=0.261). O uso de esquema que incluía carbapenemo associou-se a uma tendência a menor mortalidade atribuível a infeção (25.0% vs 35.7%, p=0.344) mas que apenas apresentou significância estatística quando considerados os casos mais graves (SOFA ≥ 4, 23.8% vs 55.0%, p=0.041). Contudo, apenas 46.6% dos doentes com score SOFA > 4 foram tratados com esquema com carbapenemo apesar da prevalecia superior de estirpes com MIC <=8 para o meropenem.
CONCLUSÃO
Este estudo demonstra o impacto clínico da infeção por EPC. O impacto de mortalidade verificado com a presença de terapêutica empírica adequada e da utilização de carbapenemos estão de acordo com a evidência existente na atualidade. Contudo, existe margem para otimização da gestão destes doentes nomeadamente na utilização mais frequente de carbapenemos nos doentes mais graves. A continuação dos programas de vigilância é essencial para o combate adequado às estirpes multirresistentes.