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OFTALMOPATIA DE GRAVES E A MULTIDISCIPLINARIDADE DA TERAPÊUTICA: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - E-Poster
Congresso ID: P269 - Resumo ID: 1997
Hospital do Espírito Santo de Évora
Maria Bairos Menezes, Maria Piteira, Margarida Massas, Leila Barrocas, Ana Pedrosa, Sara Correia, Mariana Soares, Vasco Neves, Ana Bernardo, Vera Sarmento, M. Luisa Sanchéz Corraliza, Conceição Barata
INTRODUÇÃO: A oftalmopatia de Graves (OG) associada a alterações da função tiroideia é uma patologia inflamatória autoimune que ocorre em aproximadamente 25% dos casos de Doença de Graves. Na maioria dos doentes é autolimitada, contudo condiciona alterações significativas da morfologia orbitária e função visual, com repercussão na qualidade de vida. O sistema de classificação do Grupo Europeu da Orbitopatia de Graves (EUGOGO) foi concebido para avaliar a atividade e gravidade desta patologia e guiar a abordagem terapêutica. A susceptibilidade genética, tabagismo e stress são factores predisponentes e as formas mais graves são mais frequentes no sexo masculino e em idade avançada.
CASO CLÍNICO: Homem de 62 anos, independente nas atividades de vida diária, com o diagnóstico de Doença de Graves 3 anos antes. Tem como antecedentes pessoais AVC isquémico, HTA, dislipidémia e patologia brônquica tabágica (fumador, 50UMA). É referenciado à consulta de Medicina Interna por descompensação da função tiroideia, sob terapêutica com antitiroideus. O doente afirmava disfagia, disfonia, edema palpebral, irritabilidade e insónia. Analiticamente apresentava uma TSH de 0.006mU/L, T4 livre de 4.05ng/dL e anticorpos anti-receptor da TSH positivos. A ecografia da tiroide evidenciava aumento global de toda a glândula tiroide com contornos periféricos regulares e ecoestrutura homogénea. Aumentou-se dose de metibasol que foi posteriormente suspenso por hipotiroidismo. Dois meses depois o doente apresentava agravamento oftalmológico, com dor espontânea retrobulbar e despoletada pelos movimentos, exoftalmia, edema e retração palpebral, hiperemia conjuntival, lacrimejo e diminuição da acuidade visual. A RMN encefálica e orbitária era sugestiva de orbitopatia tiroideia com consequente diminuição do espaço útil nos ápices orbitários, proptose ocular e nervos e quiasma ópticos normais. Foi referenciado de carácter urgente à consulta de Oftalmologia e após avaliação por esta especialidade foi internado para corticoterapia endovenosa. Foi recomendada a cessação tabágica, medidas locais e manteve em ambulatório pulsos de corticoides. Foi submetido a 10 sessões de radioterapia com uma dose total de 20Gy sobre os músculos orbitários com melhoria. Encaminhado à consulta de endocrinologia, sendo submetido a tiroidectomia total, com histologia de “hiperplasia difusa com aspectos de hiperfunção compatível com Doença de Graves”.
DISCUSSÃO: De acordo com a EUGOGO a abordagem da OG implica a modificação dos factores de risco como a cessação tabágica e normalização da função tiroideia. Quando se trata de OG moderada a severa a terapêutica inicia-se por corticoterapia endovenosa, podendo ser necessária radioterapia ou até cirurgia de descompressão da órbita. Com este caso clínico podemos refletir a importância de uma abordagem multidisciplinar e variedade de tratamentos instituídos, com impacte na qualidade de vida do doente.