Leticia Santos, Jorge Lopes, Catarina Valadão, Catarina Bekerman
Homem de 85 anos com antecedentes relevantes de insuficiência cardíaca, prótese aórtica biológica intervencionada em 2012 e bypass aorto-coronário, fibrilhação auricular paroxística e gamapatia monoclonal de significado indeterminado em investigação.
Doente internado por choque séptico de provável ponto de partida urinário, com isolamento em 2 hemoculturas e 1 urocultura de Escherichia Coli multissensível. Iniciou antibioterapia empírica com Piperacilina e Tazobactam, tendo feito switch para Ceftriaxone, e apresentou melhoria clínica e analítica com novas hemoculturas negativas. Realizou Ecocardiografia Transtorácica que demonstrou prótese biológica em posição aórtica com insuficiência intra-protésica ligeira.
Ao 8º dia de internamento, e ainda sob antibioterapia dirigida, iniciou febre e agravamento clínico com evolução para choque séptico. Após colheita de culturas, foi escalada antibioterapia para Meropenem. Os exames culturais revelaram-se negativos e foi pedida Ecocardiografia Transesofágica (ETE).
A ETE foi diagnóstica de endocardite infeciosa da prótese biológica aórtica, com vegetação na cúspide não coronária e vegetação na base da válvula mitral com fístula entre a zona de implantação da prótese e a aurícula esquerda.
O doente foi proposto para cirurgia cardíaca, tendo sido recusado pelas co-morbilidades importantes que condicionavam condições cirúrgicas desfavoráveis. Cumpriu 6 semanas de antibioterapia dirigida com Gentamicina e Cefuroxime.