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PANCREATITE AGUDA: UMA ENTIDADE PRESENTE NOS CUIDADOS INTERMÉDIOS.
Doenças digestivas e pancreáticas - Comunicação
Congresso ID: CO198 - Resumo ID: 2005
Centro Hospitalar Universitario do Algarve - Hospital de Faro
Rui Osório, Teresa Salero, Sérgio Pina, Sílvia Castro, Cristina Granja
Introdução: A pancreatite aguda (PA), é uma das doenças gastrointestinais mais comuns que requer hospitalização, consiste na inflamação do pâncreas causado pela libertação das enzimas pancreáticas. As doenças do trato biliar e o consumo excessivo de álcool representam cerca de 80% das causas de PA. A incidência anual é de cerca de 13-45/100000 pessoas, na sua maioria são leves e autolimitadas, 30% são moderadamente graves e 10% são graves. A disfunção multiorgânica é o principal determinante de gravidade e causa de morte precoce.

Objetivo: Caracterizar os doentes com necessidade de admissão na Unidade de Cuidados Intermédios (UCInt) com o diagnostico de PA.

Material e métodos: Realizou-se um estudo retrospetivo observacional de doentes internados com PA na UCInt no ano de 2018. Caracterizam-se os seguintes aspetos: género, idade, sintomas iniciais, etiologia, proveniência, destino, demora média de internamento na UCInt e total hospitalar, procedimentos invasivos realizados, antibioterapia preconizada e mortalidade.

Resultados: No ano de 2018 foram internados na UCInt 14 doentes com o diagnóstico de PA, dos quais 8 eram mulheres e 6 homens. Media de idades de 70,5 anos. Na sua maioria os sintomas iniciais foram dor abdominal com náuseas e vómitos (71,4%), sendo que os restantes apresentaram unicamente dor abdominal.
Relativamente à etiologia: 50% foi litiásica, 28% etilismo e 7,5% neoplasia pancreática. 57% das admissões foram do Serviço de Urgência, 21% do Internamento de Gastroenterologia e 14% transferidos da Unidade de Cuidados Intensivos (UCI). A maioria (64%) foi transferida para o serviço de Gastroenterologia, e 28%, devido a agravamento clínico, foram transferidos para a UCI. O tempo médio de internamento total hospitalar dos doentes com alta foi de 28 dias, e de internamento na UCInt foi de 4 dias. A média dos critérios de RANSON a admissão foi de 2,4 (mínimo 1, máximo 4) cuja probabilidade de morte é 2-15%. Do total dos doentes 64,3% apresentaram PA necrotizante e os restantes PA edematosa,
Dois doentes foram submetidos a laparotomia (devido a complicações), 4 foram submetidos a CPRE e todos os doentes transferidos do SU não iniciaram antibioterapia nas primeiras 48 horas.
A evolução foi favorável em 75,6% dos casos. Ocorreu um óbito na UCInt (taxa de mortalidade 7,1%, por limitação terapêutica) e 2 doentes foram transferidos para a UCI onde faleceram (taxa de mortalidade total de 21,4%).

Conclusões: As formas complicadas de PA originam internamentos prolongados, sendo importante a abordagem por equipas multidisciplinares, em ambiente de unidades de cuidados intermédios para as formas não ligeiras na fase precoce.
A mortalidade verificada esteve de acordo com a gravidade da amostra em estudo.
Os autores defendem que atualmente as pancreatites devem ser alvo de tratamentos minimamente invasivos, reservando a antibioterapia apenas para as complicações infeciosas que ocorram, salientando a natureza inflamatória desta entidade.