23

24

25

26
 
PAPEL DE POCUS NA AVALIAÇÃO PRIMÁRIA DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
Urgência / Cuidados Intermédios e Doente Crítico - E-Poster
Congresso ID: P854 - Resumo ID: 2019
Centro Hospitalar de Braga - Unidade de Cuidados Intermédios do Serviço de Urgência
Jorge Mendes, Carla Fidalgo, Rafael Velho, João Filipe Gomes, Jorge Teixeira, José Mariz
O tromboembolismo pulmonar (TEP) é definido como uma obstrução da artéria pulmonar ou de um dos seus ramos, geralmente por um trombo originado noutro território vascular. O TEP é uma das formas mais graves de tromboembolismo venoso (TEV), sendo potencialmente fatal em alguns casos. Apesar de relativamente frequente, a verdade é que o diagnóstico de TEP nem sempre é fácil, dada a apresentação inespecífica, desde a ausência de sintomas até ao choque e paragem cardiorrespiratória. A abordagem dos doentes com suspeita do TEP deve ser feita com base na probabilidade clínica, evitando assim exames desnecessários e permitindo o início precoce de terapêutica dirigida.

Descreve-se caso clínico de uma mulher de 50 anos, com antecedentes conhecidos de hipertensão arterial e dislipidemia, que recorreu ao serviço de urgência (SU) por dispneia com 2 dias de evolução que agravava com o esforço e a obrigava a parar ao final de 10 metros. Sem febre, tosse, expetoração, toracalgia ou dor nos membros inferiores (MI). Sem história de imobilização, viagens recentes ou cirurgia. À observação estava visivelmente ansiosa, taquipneica com saturação periférica de oxigénio em oximetria de pulso de 90% em ar ambiente e sem alterações à auscultação pulmonar. Hemodinamicamente estável. Sem alterações dos MI. Realizou inicialmente eletrocardiograma sem alterações sugestivas de patologia aguda e gasimetria arterial que mostrou insuficiência respiratória tipo 1 com hipocapnia (pH 7.48, pO2 57, pCO2 29, HCO3 21, Lactato 1.2, SaO2 89%). Colheu sangue para análises e realizou POCUS que mostrou: boa função sistólica global, contudo com aumento das cavidades direitas, salientando ventrículo direito de maiores dimensões que o esquerdo; veia cava inferior dilatada, com variabilidade respiratória diminuída (inferior a 50%); padrão A pulmonar bilateral, sem derrame pleural ou peritoneal; eixo venoso do MI direito com compressibilidade mantidas; à esquerda visualiza-se material hiperecogénico no interior da veia femoral comum, praticamente sem compressibilidade; poplítea também com material hiperecogénico no seu interior, sem compressibilidade. Nesse contexto iniciada terapêutica anticoagulante com enoxaparina 1 mg/Kg. Realizada tomografia computorizada com angiografia, que mostrou sinais de TEP massivo bilateral. Realizou ecodoppler dos MI que confirmou trombose íleo-femoro-poplítea do MI esquerdo. A doente foi internada para vigilância na unidade de cuidados intermédios e posteriormente admitida na enfermaria para estudo etiológico.

A ecografia Point-of-Care (POCUS) é cada vez mais uma realidade na prática clínica, existindo relatos da sua utilização desde 1989, com Lichtenstein et al. A POCUS mostrou ser capaz de melhorar a capacidade de diagnóstico em diversos estudos publicados, permitindo um diagnóstico mais célere e assertivo e um início precoce da terapêutica definitiva.