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HEPATOPATIA VIRAL, MULTIFACTORIAL?
Doenças hepatobiliares - E-Poster
Congresso ID: P420 - Resumo ID: 2030
Centro Hospitalar do Oeste - Hospital de Torres Vedras
André Santos Pinto, Manuel Serrano Martins, Grace Staring, Wildemar Costa, Carla Henriques, Ivone Barracha, Rosa Amorim
INTRODUÇÃO: O termo hepatite refere-se à inflamação que ocorre no fígado, e que pode ter inúmeras etiologias, divididas habitualmente entre causa infecciosas e não infecciosas. Dentre as causas infecciosas, as hepatites virais têm tido um papel esmagador, chegando a representar em algumas séries cerca de 50% dos casos. Assim, tornou-se mandatória a pesquisa de serologias virais em todos os casos suspeitos de hepatopatia, devendo ser pesquisados os vírus hepatotrópicos mais comuns. A marcha diagnóstica pode tornar-se um desafio quando mais do que um destes vírus apresenta serologia positiva.

CASO CLÍNICO: Os autores apresentam o caso de um homem de 59 anos, autónomo, que recorreu ao serviço de urgência por alteração da coloração da pele e escleróticas, das características da urina e das fezes, associadas a astenia, mialgias e poliartralgias de instalação súbita. Negava hábitos alcoólicos ou outros hábitos toxifílicos. Antecedentes pessoais: sífilis tratada. No exame objectivo a destacar icterícia marcada da pele e escleróticas, e hepatomegália palpável cerca de 5cm abaixo do rebordo costal direito. O estudo analítico realizado revelou hiperbilirrubinémia à custa da sua fracção directa (Bil. Total 21,4mg/dl; Fr. Directa 18,6mg/dl), associada a padrão de citólise hepática, com valores de transaminases na ordem dos 1208U/L de AST e 1306 U/L de ALT, com discreto padrão colestático (GGT 294U/L e FA 363 U/L). Realizou ecografia abdominal a demonstrar presença de esplenomegália com aproxidamente 151mm de maior eixo, sem alteração da sua estrutura, e hepatomegália generalizada com manutenção dos seus contornos, e acentuado aumento da sua ecogenicidade. Foi internado para estudo etiológico de hepatopatia de características agudas. Foram negativas as serologias para EBV, CMV, HAV, HCV, HIV; foi realizada CPRM que excluiu a presença de patologia biliar e das vias biliares intra e extra-hepáticas. Das restantes serologias para o diagnóstico de hepatopatia aguda, foi encontrado um título positivo para o antigénio HBs e para o anticorpo anti-HBc, bem como presença de IgM e IgG positivos para Parvovírus B19. Assumiu-se assim o diagnóstico de hepatite aguda, de etiologia viral, neste caso com provável etiologia multifactorial: hepatite B aguda e hepatite a parvovírus B19. Decidiu-se por tratamento conservador, com vigilância em internamento assistindo-se a melhoria gradual do padrão de citocolestase e da hiperbilirrubinémia.

DISCUSSÃO: O diagnóstico etiológico de uma hepatite aguda continua a ser um desafio constante na prática clínica. Na maioria dos casos a evolução dá-se de uma forma relativamente benigna, não havendo necessidade de tratamento específico. No entanto, importa relembrar que nalguns casos, estas podem evoluir para a cronicidade ou até mesmo para a forma mais grave de hepatite fulminante, o que continua a assustar a população médica.