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PROFILAXIA DA DOENÇA ULCEROSA GASTRODUODENAL NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA: UM ESTUDO TRANSVERSAL
Doenças digestivas e pancreáticas - Comunicação
Congresso ID: CO117 - Resumo ID: 2036
Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar do Oeste - Unidade de Caldas da Rainha, Caldas da Rainha, Portugal
Gonçalo Durão-Carvalho, Ana Canoso, Joana Carneiro, Joana Louro, Rosa Amorim
Introdução: Existem poucos estudos portugueses de vida real sobre profilaxia de doença ulcerosa péptica (DUP) e úlcera de stress, no doente não-crítico internado por patologia médica aguda. A prescrição actual baseia-se em recomendações para a prevenção da úlcera (e suas complicações), com recurso a inibidores de bombas de protões (IBP) e antagonistas dos receptores-H2 (ARH2).

Objectivo: Avaliar a profilaxia da DUP e/ou da úlcera de stress num serviço de medicina interna, divididos em 2 subgrupos (<65 anos vs ≥ 65 anos).

Material e Métodos: Estudo transversal, observacional, retrospectivo e unicêntrico, incluindo os doentes internados no Serviço de Medicina Interna de um hospital distrital no dia 06.02.19, com idade ≥ 18 anos e tempo de internamento ≥ 24 horas. Na avaliação da adequação da prescrição foram seguidas as recomendações do American College of Gastroenterology e da American Society of Health-System Pharmacists. Aplicou-se ainda o índice de comorbilidades de Charlson (ICC). Processamento estatístico em SPSS e Excel.

Resultados: Incluídos 38 doentes: 44,7% sexo masculino, idade mediana de 80 anos (IQ, 31-92). Diagnósticos principais de internamento mais frequentes: insuficiência cardíaca descompensada (n=5), acidente vascular cerebral isquémico (n=5) e síndrome coronário agudo (n=5). Diagnósticos secundários mais frequentes: hipertensão arterial (60,3%), diabetes mellitus tipo 2 (47,4%) e dislipidemia (52,6%).
Dos 38 doentes, 68,4% (n=26) estavam medicados com IBP e 23,7% (n=9) com ranitidina. Em 81,6% (n=31) verificou-se terapêutica concomitante com aspirina, corticoterapia e/ou anticoagulante, e 2 doentes com os 3 princípios activos em simultâneo. Um doente tinha prescrição simultânea de IBP e ARH2, sem razão clínica justificável.
O grupo com <65 anos (n=8) apresentava número reduzido de comorbilidades (ICC médio-3,5). Todos estavam sob profilaxia com IBP ou ARH2 (ranitidina). Apenas 1 fazia profilaxia previamente ao internamento, sem causa identificada. 4 doentes apresentavam factores de risco para úlcera de stress: ventilação mecânica > 48h (n=2), lesão traumática medular (n=1) e corticoterapia sistémica (n=1). Os restantes 4 tinham 1 factor de risco para DUP: uso concomitante de aspirina e/ou anticoagulante.
No grupo com ≥65 anos (n=30), todos apresentaram ICC ≥ 3, dos quais 73,3% tinham ICC ≥ 7.
80% (n=24) tinham 2 factores de risco para DUP, conferindo-lhes risco moderado. Só um doente foi considerado de risco elevado por reunir 3 factores: > 65 anos, história prévia de DUP não complicada e tratamento concomitante com AAS e anticoagulante.
Salienta-se que neste grupo etário, apesar de 2 doentes terem dupla indicação para prevenção de doença ulcerosa, não se encontravam medicados com IBP ou ARH2.

Conclusões: Neste estudo 92% dos doentes fazia terapêutica profilática da doença ulcerosa, dos quais 68,4% com IBP. Apenas 3 doentes (7,9%) com indicação para profilaxia doença ulcerosa não estavam a realizá-la.