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ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES – QUANDO SUSPEITAR? A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P119 - Resumo ID: 2038
Unidade Local de Saúde do Alto Minho
Ana Carvoeiro, Alexandra Esteves, Susana Barbosa, Paula Felgueiras, Diana Guerra, Carmélia Rodrigues
INTRODUÇÃO: A Arterite de Células Gigantes (ACG) é uma vasculite sistémica com envolvimento predominante de artérias de grande e médio calibre, nomeadamente dos ramos extracranianos da artéria carótida externa. Atinge doentes com mais de 50 anos e predomina no sexo feminino. As manifestações clínicas são inúmeras vezes transitórias e variáveis. As mais comumente descritas incluem as cefaleias de novo, a claudicação da mandíbula, alterações visuais e sintomas constitucionais. Entre as complicações da ACG, de referir hipovisão súbita e em casos mais graves amaurose, sendo o diagnóstico e tratamento precoces essenciais para evitar deterioração rapidamente progressiva da acuidade visual. CASO CLÍNICO: Mulher, 84 anos, com história pregressa de patologia tiroideia, fatores de risco cardiovasculares e de glaucoma no olho direito (OD). Trazida ao serviço de urgência (SU) por discurso incoerente, desorientação, com cefaleia frontoorbitária direita e dor ocular ipsilateral associadas a hipovisão e estrabismo divergente do OD e astenia com semanas de evolução. Ao exame objetivo, a salientar febre (38ºC), pupila direita pouco reactiva à luz, pulsos da artéria temporal presentes bilateralmente e simétricos, sem dor à palpação no local, sem indurações palpáveis; sem claudicação da mandíbula. Analiticamente, com anemia normocitica normocrómica, com trombocitose e proteína C reativa elevada. Estudo do líquor, com 2 leucócitos e hiperproteinorraquia. Admitida no internamento sob a possibilidade de encefalite vírica. Após anamnese mais detalhada, doente refere episódios anteriores de dor mandibular e desconforto à palpação do trajeto da artéria temporal à direita, depois objetivado. Da avaliação por Oftalmologia, de referir hipovisão marcada do OD sem papiledema, estrabismo divergente do OD, sem restrições oculares, sem evidência de neuropatia ótica isquémica (NOI) anterior ou oclusão da artéria central da retina. O estudo complementar subsequente mostrou velocidade de sedimentação elevada (86mm); função tiroideia sem alterações; marcadores tumorais, estudo imunológico, pesquisa de HIV, reação VDRL e hemoculturas negativos. Atendendo ao elevado grau de suspeição clínica e analítica para ACG, a doente iniciou corticoterapia, com melhoria clínica gradual. Realizou, posteriormente, biópsia da artéria temporal direita que confirmou o diagnóstico presumido. DISCUSSÃO: A ACG é uma patologia comum, contudo, provavelmente, subdiagnosticada. Os sintomas constitucionais, as cefaleias de novo são frequentes, embora inespecíficos, não sendo mencionados espontaneamente pelos doentes. Realça-se, assim, a importância da anamnese cuidada e o reconhecimento precoce dos elementos-chave para o diagnóstico efetivo e posterior tratamento adequado desta patologia.