23

24

25

26
 
HEMICOREIA HIPERGLICÉMICA E SÍNDROME HIPERGLICÉMICA/HIPEROSMOLAR NUMA DOENTE COM HBA1C DE 19.9%: UM CASO RARO E POTENCIALMENTE REVERSÍVEL
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - Caso Clínico
Congresso ID: CC034 - Resumo ID: 2042
Centro Hospitalar Universitário de Coimbra
Mariana Guerra, Gonçalo Silva, Daniela Marado, Jorge Fortuna, Armando Carvalho
Introdução:
A hemicoreia da hiperglicémia é uma manifestação clínica rara de diabetes mellitus tipo 2 (DMT2). O doente apresenta-se com hiperglicémia não-cetónica, hemicoreia (caracterizada por movimentos rápidos e involuntários de uma parte específica do corpo) e, imagiologicamente, com a presença de alterações envolvendo os gânglios da base.

Caso clínico:
Doente do sexo feminino, de 86 anos, com história de DMT2 com 20 anos de evolução, sob antidiabéticos orais, veio ao SU por agitação motora, com movimentos involuntários do membro superior esquerdo e hemiface ipsilateral, com 3 dias de evolução. Encontrava-se apirética, hipotensa e desidratada, constatando-se movimentos involuntários, rápidos, irregulares e não suprimíveis do membro superior esquerdo, com envolvimento da face ipsilateral. Os exames complementares de diagnóstico revelaram uma glicémia sérica de 1045 mg/dl, hiponatrémia hiperosmolar, anemia, leucocitose com neutrofilia, lesão renal aguda e troponina I elevada, com ECG sem supraST. Na sumária de urina, apresentava leucocitúria, sem cetonúria. Foi diagnosticada síndrome hiperglicémica-hiperosmolar e hemicoreia da hiperglicémia. Realizou TC-CE, que revelou hiperdensidade a nível do corpo estriado direito, de novo, que corroborou o diagnóstico neurológico. Iniciou terapêutica com insulina em perfusão e fluidoterapia, assim como outras terapias de suporte dirigidas à anemia, cistite aguda e EAM tipo 2 diagnosticados concomitantemente. Foi ainda adicionada medicação antipsicótica. Ao fim de 3 dias de internamento, a doente já não apresentava os movimentos involuntários, tendo tido alta 6 dias depois. O resultado da HbA1c, entretanto solicitada, foi de 19.9%.

Discussão:
A maioria dos doentes com hemicoreia hiperglicémica apresenta um bom prognóstico, desde que mantenha um bom controlo metabólico, sendo que terapêutica com antagonistas dopaminérgicos pode ser necessária para controlar a coreia. Esta é uma manifestação rara e reveladora de elevado descontrolo da doença, como veio a comprovar-se pelos níveis de HbA1c, na nossa doente.