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ASCITE EOSINOFÍLICA – UMA APRESENTAÇÃO RARA DE GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA
Doenças digestivas e pancreáticas - E-Poster
Congresso ID: P211 - Resumo ID: 2056
Hospital de Braga
Filipa Santos Pinho, Inês Manuel Gonçalves, Sara Costa, Camila Carvalho de Oliveira, Laura Costa, Ana Luísa Antunes, Luísa Pinto, Francisco Gonçalves, Carlos Capela
Introdução: A gastroenterite eosinofílica (GE) é uma síndrome caracterizada pela infiltração eosinofílica da parede intestinal, com possível envolvimento de qualquer uma das suas camadas e qualquer segmento do trato gastrointestinal. Eosinofilia periférica pode ou não estar presente. A ascite eosinofílica é uma apresentação rara da GE e está geralmente associada à sua forma serosa. O seu diagnóstico passa pela exclusão de outras causas, como infeção parasitária, malignidade ou alergia. A maioria dos casos é idiopática e geralmente acompanha-se por condições atópicas. Pode ocorrer em idade pediátrica ou adulta, existindo descritos um número limitado de casos precipitados pela gravidez ou parto. Caso Clínico: Puérpara, 26 anos de idade, previamente saudável, parto eutócito 7 semanas antes. Recorre ao serviço de urgência por epigastralgia, enfartamento pós-prandial associado a regurgitação e distensão abdominal, com 3 semanas de evolução. Negava sintomas respiratórios, rash, alergias ou medicação de início recente. Ao exame objetivo apresentava-se hemodinamicamente estável e apirética. Sem alterações cutâneas. Abdómen ligeiramente distendido, com macicez variável e difusamente doloroso. Sem sinais clínicos de hepatopatia crónica. Analiticamente destacou-se neutrofilia periférica com 8.400/uL neutrófilos (44%). Não apresentava alterações ao ionograma, estudo da coagulação, perfil de tiróide ou hepático. Excluiu-se infecção por VIH ou parasitária. Na ecografia abdominal, o fígado era normodimensionado e apresentava parênquima com normal ecogenecidade, observando-se ascite de médio volume. A paracentese diagnóstica mostrou líquido ascítico com 10.500 células, 85% de eosinófilos, microbiológico e micobacteriológico negativos. A endoscopia digestiva alta mostrou eritema e edema marcados do bulbo duodenal e segunda porção do duodeno. As biópsias gástrica e duodenal evidenciaram infiltrado inflamatório polimorfo com predomínio de eosinófilos envolvendo a mucosa e a muscular mucosa. A biópsia de medula óssea mostrou hematopoiese normal, 20% de eosinófilos e citogenética normal. Diagnóstico final: gastroenterite eosinofílica. Foi iniciada corticoterapia sistémica, tendo-se observado resposta clínica e analítica favoráveis. Discussão: A ascite eosinofílica é uma apresentação incomum da GE. A mortalidade associada é muito baixa, mas a morbilidade é significativa por malnutrição, dor abdominal, dismotilidade gástrica, disfagia, náusea, vómito ou obstrução. Este diagnóstico deve ser tido em consideração quando se aborda um doente com ascite na ausência de doença hepática.