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PAF E MAIS UMA DOR DE CABEÇA - A PROPÓSITO DE UM CASO DE LEUCOENCEFALOPATIA POSTERIOR REVERSÍVEL
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P627 - Resumo ID: 2068
Hospital Sousa Martins - ULS Guarda
Rodrigo Maia Alves, Vasco Neves, Ana Moreira, Pedro Ventura, Adriano Cardoso, João Correia
INTRODUÇÃO
A síndrome de Leucoencefalopatia Posterior reversível (SLPR) é uma entidade clínica e radiográfica cada vez mais reconhecida, que ainda não tem uma incidência definida mas que afecta doentes de todas as idades, com aparente predomínio do sexo feminino. A patogenia desta síndrome continua a ser alvo de discussão, estando no entanto já estabelecidos factores de risco como doença renal, hipertensão e terapia imunossupressora.

CASO CLÍNICO
Descrevemos o caso de uma doente de 40 anos, autónoma, com antecedentes de Polineuropatia Amiloidótica Familiar, Doença Renal Crónica estadio 5 em hemodiálise e hipertensão arterial (HTA), submetida a transplante hepático há cerca de 2 anos.
Estava medicada com tacrolimus LP 5mg id, ácido acetilsalicílico 150mg id, ácido ursodesoxicólico 250mg bid, perindopril 5mg id, sertralina 50mg id e trazodona 150mg id. Recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por cefaleia frontal intensa de início após sessão de diálise, acompanhada de vómitos e prostração, sem alterações visuais ou febre tendo complicado com crises tónico-clónicas generalizadas. Do exame objectivo destacava-se a presença de hipertensão arterial grau 2 e a ausência de défices neurológicos focais. Analiticamente constatou-se trombocitopenia ligeira isolada, sem distúrbios hidro-electrolíticos. Realizou TC-CE para exclusão de lesões cérebro-vasculares agudas que mostrou hipodensidades cortico-subcorticais nas regiões parietal posterior e occipital, sem outras alterações valorizáveis, quadro imagiológico compatível com Leucoencefalopatia Posterior Reversível. Perante esta suspeita, foi controlada a tensão arterial com labetalol, hemodiálise diária, e procedeu-se a alteração da terapêutica imunossupressora de tacrolimus para micofenolato de mofetil (após contacto com a Unidade de Transplante Hepático) observando-se uma melhoria clínica progressiva, até à sua resolução, com estabilidade imagiológica às 48h, sem recorrência de convulsões ao longo do internamento.

DISCUSSÃO
A SLPR é uma entidade potencialmente fatal, com um curso habitualmente benigno quando diagnosticada precocemente, cujo tratamento implica a remoção/controlo de factores que se sabe poderem contribuir para o seu desenvolvimento assim como no controlo sintomático. Nesta doente, e de acordo com a literatura, a hipertensão arterial não controlada e a toma de inibidor da calcineurina, são dois factores que podem estar associados ao desenvolvimento de SLPR e cuja remoção/controlo, conduziu à resolução do quadro clínico.
Este caso pretende demonstrar a importância da inclusão da SLPR no diagnóstico diferencial de cefaleia em doentes sob imunossupressão e na relevância de um diagnóstico firme que permita a t