Madalena Vicente, Anna Taulaigo, Marília Fernandes, Inês Figueiredo, Ana Lladó, Heidi Gruner, António Panarra
INTRODUÇÃO: Os inibidores da bomba de protões (IBPs) são antiácidos de uso comum, constituindo uma classe de fármacos amplamente utilizada quer em ambulatório, quer em internamento.
OBJETIVO: análise da utilização de IBPs numa enfermaria de Medicina.
MÉTODOS: Estudo observacional retrospetivo, através da análise dos processos clínicos dos doentes internados num serviço de Medicina, nas duas últimas semanas de Janeiro de 2018. De acordo com a literatura, foram definidos critérios de utilização adequada e inadequada.
RESULTADOS: Foram incluídos 67 doentes, 61% (n=41) do sexo masculino e 39% (n=26) do sexo feminino, com uma média de idade de 75,7 anos. Do total de doentes, 30 estavam sob antiagregação simples, 3 sob antiagregação dupla e 26 (39%) tomavam IBP em ambulatório. Foram definidos como critérios de uso adequado: casos de úlcera gastroduodenal; doença de refluxo gastroesofágico (DRGE) com esofagite; DRGE com sintomas; Esófago de Barret; S. Zollinger Ellison, terapêutica com AINEs, incluindo baixa dose de ácido acetilsalicílico, associada a outro fator de risco (história de úlcera não complicada, idade superior a 65 anos, uso de corticóide sistémico ou anticoagulante oral); hemorragia digestiva ou coagulopatia. Tendo em conta estes critérios, dos 26 doentes que estavam sob IBP em ambulatório, 65% estavam a cumprir sem indicação e, dos que não faziam, 14 (34%) deveriam estar a tomar. Em internamento, 70% dos doentes estavam medicados com IBP e, destes, 16 (34%) não tinham indicação, havendo 5 doentes que deveriam estar sob IBP e não estavam.
DISCUSSÃO: Com a análise desta amostra, foi possível concluir que há muitas falhas na prescrição de IBP, quer em ambulatório quer em internamento. Tratando-se de uma classe de fármacos com efeitos adversos e custos associados, é fundamental uma prescrição criteriosa e revisão terapêutica frequente.