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PNEUMOCISTOSE - MUDANÇA DE PARADIGMA?
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P462 - Resumo ID: 2076
Hospital Santo António dos Capuchos (CHULC)
Mariana Sardinha; Maria Piteira; Rita Saraiva; Miguel Antunes; João Roxo
Introdução:A pneumonia a Pneumocystis jirovecii (PPj), causada pelo fungo P. jirovecii é uma infeção oportunista frequente em doentes imunodeprimidos, principalmente nos infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH).No entanto, na era pós terapêutica antirretroviral e profilaxia primária, os casos de PPj em doentes com infeção VIH tem diminuído.O contrário se verificou nos não-VIH, devido ao uso de imunossupressores do foro oncológico, autoimune e na transplantação de órgãos sólidos.Apresentamos um caso de diagnóstico presumptivo a PPj, num doente com doença oncológica submetido a tratamento adjuvante com quimioterapia(QT), de baixa toxicidade medular, e corticoterapia(CTC), internado numa enfermaria de Medicina. Caso clínico:Mulher de 66 anos com carcinoma da mama, submetida a mastectomia radical e QT adjuvante, admitida num serviço de Medicina por quadro de dispneia, febre e cansaço a pequenos esforços, cerca de uma semana após 4º e último ciclo de QT com Paclitaxel/Trastuzumab e dexametasona 2mg. À admissão apresentava-se febril, pressão arterial 80-32mmHg, frequência cardíaca 115 batimentos por minuto, frequência respiratória (FR) 22 ciclos por minuto (cpm) e satO2 ar ambiente 84-92%. Do estudo complementar realizado destacava-se ausência de neutropénia e uma radiografia torácica com um infiltrado reticular disperso em ambos os campos pulmonares. Iniciou-se tratamento antibiótico empírico com amoxicilina-ácido clavulânico e azitromicina, fluidoterapia e manteve-se sob observação.Apesar das medidas verificou-se agravamento clínico com desenvolvimento de quadro de choque séptico, pelo que foi transferida para uma Unidade de Cuidados Intensivos.Face ao quadro de insuficiência respiratória aguda houve necessidade de oxigenioterapia de alto débito e escalou-se a terapêutica antibiótica para piperacilina/tazobactam.Face à gravidade do quadro, com inexistência de melhoria com a terapêutica instituída, iniciou-se CTC com metilprednisolona e trimetropim/sulfametoxazol, em dose terapêutica para PPj.Não se obteve isolamento microbiológico, pois face à insuficiência respiratória grave, não foi possível realizar o lavado bronco-alveolar.Após alguns dias de tratamento verificou-se melhoria clínica com possibilidade de transferência para a enfermaria de Medicina. Discussão:A PPj foi inicialmente documentada em doentes hematológicos submetidos a QT e transplantação, previamente aos primeiros casos de SIDA.Contudo, actualmente ainda é uma infeção vulgarmente associada a doentes imunocomprometidos com VIH e contagem de células CD4«200.No entanto, o paradigma está em mudança.Vários fatores de risco para PPj em imunocomprometidos têm vindo a ser investigados,nomeadamente a corticoterapia e a presença de tumores sólidos.A evidência destaca os tumores do sistema nervoso central (SNC), no entanto a maioria destes estão sob CTC para controlo sintomático.É de notar ainda que a CTC mesmo em baixa dose/bólus, já foi identificada como possível factor de risco.