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O QUE É ISTO? LINFOMA PLASMABLÁSTICO COM ENVOLVIMENTO MAMÁRIO
Doenças oncológicas - Caso Clínico
Congresso ID: CC083 - Resumo ID: 2078
Unidade Local de Saúde do Alto Minho
Ana Carvoeiro, Alexandra Esteves, Susana Barbosa, Paula Felgueiras, Diana Guerra, Carmélia Rodrigues
INTRODUÇÃO: O linfoma plasmablástico (LPB) é um linfoma de células B raro, com uma evolução clínica agressiva e prognóstico desfavorável, descrito, pela primeira vez em 1997, como uma lesão da cavidade oral em indivíduos VIH positivos, que representam cerca de dois terços dos doentes. De acordo com a literatura, a localização preferencial do LPB corresponde à cavidade oral, quando em doentes VIH positivos, e o envolvimento extra-oral ocorre mais frequentemente em casos de doentes VIH negativos. As características clinicopatológicas têm sido amplamente estudadas, contudo o seu diagnóstico e terapêutica constituem desafios ainda atuais. CASO CLÍNICO: Mulher 71 anos, VIH negativa. Recorreu ao serviço de urgência (SU) por astenia, dispneia para pequenos esforços, rinorreia e esporádicos acessos de tosse seca e hipersudorese noturna com duas semanas de evolução. Cerca de 2 meses antes, teria notado nódulo duro nos quadrantes inferiores da mama esquerda, com mamografia e ecografia mamárias de ambulatório inocentes. Ao exame objetivo, doente taquipneica, com temperatura auricular de 37,1º, à auscultação pulmonar murmúrio vesicular diminuído em todo o hemitórax direito (DRT); palpado nódulo duro, aderente aos tecidos, com 3 cm maior eixo na mama esquerda. Ao estudo analítico, sem alterações de relevo, salientando-se serologias víricas e VIH negativos. Realizou RX de tórax que revelou derrame pleural de grande volume à direita. O TC de tórax efetuado mostrou massa hipercaptante de 4 cm na região inframamária esquerda, implantes direitos pleurais difusos, importante derrame pleural direito com atelectasia do lobo médio e inferior DRT. Verificado também conglomerado adenopático subcarinal e paraaórtico. Realizada toracocentese de diagnóstico e evacuadora de líquido serohemático, assim como ecografia e mamografia mamárias (BI-RADS 4c). Ao TC abdominal e pélvico, de realçar a presença da lesão mamária já descrita, identificando-se também metástases pleurais à DRT e ganglionares retrocardíacas. O exame imunocitoquimico revelou expressão intensa e difusa de células neoplásicas para CD45, BCL2, MUM1 e CD138 e ausência de expressão para MNF116, CD20, Pax5, sendo o diagnóstico compatível com neoplasia linfóide de características plasmacíticas, mais concretamente, LPB. Neste momento, doente em tratamento no IPO do Porto, para LPB estadio IV – B, com envolvimento mamário, pleural e ganglionar. DISCUSSÃO: O LPB é um tipo de linfoma de difícil diagnóstico, cujo tratamento ainda não se encontra padronizado, com prognóstico reservado associado. Destacamos, assim, a importância do caso apresentado, por corresponder a uma entidade rara, sendo este inclusivé das primeiras descrições na literatura de LPB em doentes VIH negativos,com envolvimento mamário.