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HIPOACÚSIA BILATERAL, UM SINAL DE ALARME!
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P646 - Resumo ID: 2086
Unidade Local de Saúde do Alto Minho
Ana Carvoeiro, Alexandra Esteves, Susana Barbosa, Paula Felgueiras, Diana Guerra, Carmélia Rodrigues
INTRODUÇÃO: A otomastoidite corresponde à complicação mais comum da otite média aguda (OMA) sendo que, nos últimos anos, se tem verificado um aumento da sua incidência, provavelmente relacionado com a resistência crescente à antibioterapia. A imagiologia tem um papel importante na confirmação do diagnóstico e na suspeita de complicações, nomeadamente a trombose do seio transverso, paralisia facial e infecções do sistema nervoso central. CASO CLÍNICO: Mulher de 59 anos, com antecedentes pessoais de hipotiroidismo. Recorre ao Serviço de Urgência (SU) por otalgia bilateral, febre e diminuição da acuidade auditiva com duas semanas de evolução. Observada por Otorrinolaringologia (ORL), tendo sido diagnosticada com otite média bilateral e medicada com amoxicilina e ácido clavulânico. Melhoria inicial das queixas álgicas, no entanto com agravamento progressivo da hipoacusia bilateral e cefaleias intensas de novo, com períodos de desorientação, o que motivou nova vinda ao SU, passado uma semana. Ao exame objetivo, vígil, orientada, apirética sem alterações de relevo. Reavaliada, assim por Otorrinolaringologia, confirmada por otoscopia, otite média com efusão bilateral, sem sinais inflamatórios ou otorreia, sem sinais clínicos de otomastoidite ou de vertigem periférica. Analiticamente, com elevação discreta dos valores de proteína C reativa. Realizou TC cranioencefálico, que confirmou como hipótese diagnóstica mais provável otomastoidite bilateral agudizada, com consequente área de encefalite à esquerda, concordante com o estudo de liquor que evidenciou pleocitose e proteinorraquia. Realizada no SU, miringotomia bilateral, com colocação de tubo de ventilação trans-timpânico (TTT) no ouvido esquerdo. Dado o diagnóstico final de otomastoidite bilateral e meningoencefalite associada, cumpriu catorze dias de ceftriaxone e aciclovir, não se tendo isolado agente no estudo microbiológico. Durante o internamento, com recuperação precoce da acuidade auditiva e total resolução sintomática. DISCUSSÃO: De facto, a otomastoidite constitui uma complicação intratemporal da otite média, podendo apresentar-se sob a forma de sintomas neurológicos subtis, com semanas de evolução. Neste sentido, torna-se crucial um elevado nível de suspeição aquando do surgimento de cefaleias de novo, hipoacusia, vertigem em doentes sob antibioterapia prévia em contexto de OMA. Concluindo, de realçar a possibilidade de progressão da otomastoidite para meningoencefalite, como sucedeu no caso apresentado, cuja taxa de mortalidade associada varia entre os 8-38%, pelo que uma abordagem multidisciplinar adequada, a monitorização e instituição de terapêutica precoces são etapas fundamentais na determinação de prognóstico.