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ALTERAÇÕES DA CONDUÇÃO INTRAVENTRICULAR EM DOENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO174 - Resumo ID: 208
Centro Hospitalar Tâmega e Sousa
Ana Neto, Daniel Seabra, Inês Oliveira, Henrique Guedes, Aurora Andrade, Paula Pinto
Introdução:
A Insuficiência Cardíaca (IC) é o estadio final de várias cardiopatias. A recuperação da função sistólica ventricular esquerda (FSVE) é importante para o prognóstico destes doentes (dts). A maioria dos dts com IC tem alterações no eletrocardiograma (ECG), muitos deles com perturbações da condução intraventricular (IV). O atraso na condução elétrica, particularmente da parede lateral do ventrículo esquerdo (VE), pode levar a contracção assíncrona, o que prejudica a eficácia da contracção ventricular. A dessincronia mecânica está habitualmente associada a anormalidades da condução IV, particularmente bloqueio completo de ramo esquerdo (BCRE).
Objetivo:
Avaliar a presença de alterações da condução IV em dts seguidos numa Clínica de Insuficiência Cardíaca (CIC) e relacioná-las com a recuperação de FSVE após pelo menos 3 meses de terapêutica médica otimizada (TMO).
Métodos:
Estudo retrospetivo onde foram incluídos os dts seguidos na CIC de um único centro. Os dts apresentavam fração de ejeção (FE) reduzida à admissão na CIC e diagnóstico prévio de IC há pelo menos 6 meses ou internamento prévio por IC aguda. Os parâmetros avaliados foram: duração do QRS (dQRS) após TMO, etiologia da IC (isquémica e não-isquémica), FE e variação desta após TMO. A recuperação da FSVE (rFSVE) foi quantificada por ecocardiografia e definida como incremento da FE ≥10% relativamente ao valor inicial. Os dts foram divididos em 2 grupos: rFSVE (G1) e não-rFSVE (G2). Foram excluídos os dts portadores de pacemaker definitivo à admissão. Os dados relativos a dts portadores de CRT foram avaliados previamente à sua implantação.
Resultados:
Incluídos 276 dts, com uma média de idade de 60.5±13.1 anos, 24.6% do sexo feminino. A média da dQRS foi de 129.6±30.8 milissegundos (ms). 42.0% apresentava etiologia isquémica como causa da IC, não havendo diferença significativa entre a etiologia da IC e a média de dQRS. 27.9% apresentava BCRE, 44.2% apresentava perturbações da condução não-BCRE. 30.1% dos dts recuperaram função após TMO. Na análise univariada, a dQRS correlacionou-se de forma inversa com a FE à admissão e esta correlação manteve-se após TMO (p<0.001). A média de dQRS foi menor em dts com rFSVE (p=0.004).
Conclusão:
Na amostra avaliada, a maioria dos dts apresentava alteração da condução IV. A média da dQRS correlacionou-se de forma inversa com a FE inicial tendo esta correlação se mantido após TMO. A rFSVE associou-se a menores valores médios da dQRS.