Ana Vera Cruz, Maria Margarida Pereira, Marta Cerol, Ana Ricardo, Petra Pego
INTRODUÇÃO
Inicialmente os Cuidados Paliativos destinavam-se apenas aos doentes com cancro, nos estadios terminais. Com o desenvolvimento crescente da paliação e por questões éticas de equidade, justiça e acessibilidade a cuidados de saúde, situações como as insuficiências avançadas de órgão, a SIDA em estadio terminal, as doenças neurológicas degenerativas, as demências em fase terminal, os doentes com sequelas de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) foram reconhecidas como patologias cujos doentes apresentam necessidades muito semelhantes, e que em muito beneficiarão se receberem Cuidados Paliativos de qualidade.
Segundo o estado da arte, todos os doentes com doenças crónicas, sem resposta à terapêutica de intuito curativo e com prognóstico de vida reconhecidamente limitado, devem ter acesso a Cuidados Paliativos.
OBJECTIVOS
O principal objectivo deste estudo é caracterizar, a nível de diagnósticos e situação clínica no momento da referenciação, os doentes sinalizados à Equipa Intra-Hospitalar de Cuidados Paliativos (EIHCP).
MATERIAL E MÉTODOS
Foram incluídos no estudo todos os doentes internados entre Outubro e Dezembro de 2018 que foram referenciados à EIHCP. Foi feita a análise estatística com apoio do software Microsoft Excel®2016.
RESULTADOS
Durante o período estudado foram feitos 68 pedidos de colaboração à EIHCP.
A média de idades foi de 71.2 anos, sendo 59% dos doentes do sexo masculino. 60 doentes tinham diagnóstico de patologia oncológica (88.2%) e 8 doentes com patologia não oncológica (11.8%). No grupo dos doentes não oncológicos foram referenciados 6 doentes com insuficiência de órgão em estadio terminal – 3 com Insuficiência Cardíaca, 1 com Insuficiência Hepática, 1 com Doença Pulmonar Obstructiva Crónica. Foi referenciado 1 doente para controlo da dor associada a escaras de decúbito e 1 doente para controlo sintomático de sequelas de AVC.
Observou-se que 30 dos doentes (44.1%) vieram a falecer durante o internamento, sendo que 10 doentes (14.7%) estavam em situação de últimos dias de vida no momento da referenciação.
CONCLUSÕES
Constata-se que os doentes referenciados para a EIHCP são na sua maioria doentes oncológicos e que grande parte dos doentes já estão numa fase muito avançada da doença no momento da referenciação. Estes resultados sugerem que que não estão a ser identificadas necessidades paliativas a um vasto número de doentes, nomeadamente aos doentes não oncológicos, e que quando são identificadas já é tardiamente, provavelmente porque ainda há uma forte associação dos Cuidados Paliativos ao doente agónico. Os autores alertam para a necessidade da formação nesta área para que os doentes com necessidades de Cuidados Paliativos sejam correctamente e atempadamente identificados, sendo assegurados os melhores cuidados.