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DIABETES MELLITUS – A SILENCIOSA DESTRUIDORA
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P489 - Resumo ID: 2100
Hospital Distrital de Santarém
Ana Vera Cruz, Maria Margarida Pereira, Marta Cerol, Petra Pego
INTRODUÇÃO
A Neuroartropatia de Charcot é uma entidade rara mas grave, que provoca deformação e destruição osteoarticular extensa com perda de função associada. Actualmente a Neuropatia Diabética é a principal causa desta patologia, podendo ainda ser provocada por alcoolismo crónico, lesões medulares, sífilis e insensibilidade congénita à dor. Afecta igualmente doentes dos dois sexos e com média de idades entre os 50-60 anos.

CASO CLÍNICO
Doente do sexo masculino, 63 anos, autónomo, com antecedentes de Diabetes mellitus tipo I com 56 anos de evolução, cardiopatia Isquémica, doença arterial periférica com amputação de dois dedos do pé esquerdo, retinopatia diabética, fumador activo.
O doente foi trazido ao Serviço de Urgência por prostração, documentando-se hipoglicemia, febre e ferida com sinais inflamatórios ao nível de um dedo do pé esquerdo com exsudado purulento associado. Foi pedido rastreio séptico com colheita de hemoculturas e exame bacteriológico do exsudado e procedeu-se ao internamento do doente com instituição de antibioterapia empírica com cefuroxima.
Já em internamento observaram-se sinais inflamatórios do pé direito, sem solução de continuidade, com queixas álgicas que o doente classificava como ligeiras, mantendo marcha autónoma sem apoio. Realizou radiografia simples que mostrou destruição óssea avançada a nível do tarso, compatível com pé de Charcot. As hemoculturas revelaram-se positivas a Staphylococcus aureus sensivel a gentamicina, vancomicina e linezolida (MRSA), pelo que se assumiu como diagnóstico Osteomielite do pé a MRSA e iniciou vancomicina. O exsudado da ferida do pé esquerdo foi positivo para Klebsiella pneumoniae multissensível.
Foi observado pela Ortopedia que colocou tala gessada para imobilização do pé e pela Cirurgia Geral que orientou para amputação após completar 6 semanas de antibioterapia. O doente inicialmente recusou cirurgia pois não valorizava a gravidade do quadro por apresentar queixas ligeiras. Após explicados riscos e benefícios em reunião multidisciplinar o doente optou pela intervenção, tendo sido submetido a amputação da perna direita abaixo do joelho.

DISCUSSÃO
Apresenta-se um caso de uma complicação rara mas grave da Diabetes mellitus, para a qual deve por isso existir um grande nível de suspeição. Este caso é também um exemplo de como a Neuropatia Diabética pode dar uma perda de sensibilidade tão grave, que um doente com destruição óssea do tarso é capaz de marcha autónoma, desvalorizando uma dor que considera ligeira.
Quando existem sinais inflamatórios, mesmo que não estejam associados a dor é importante suspeitar desta entidade para que seja identificada e tratada atempadamente.