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PREVALÊNCIA DA DEMÊNCIA NUMA ENFERMARIA DE MEDICINA INTERNA
Medicina Geriátrica - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO075 - Resumo ID: 2107
Centro Hospitalar Universitário do Porto
Cristina Torrão, Daniela Barroso, Guiomar Pinheiro, Carolina Silva, Luísa Serpa Pinto, Ana Rita Cruz, Paulo Paiva, João Araújo Correia
INTRODUÇÃO:
Os doentes com demência, pela sua fragilidade inerente (idade avançada, presença de pluripatologia), são muito suscetíveis a intercorrências médicas, e frequentemente encontrados em regime de internamento hospitalar.
OBJECTIVO:
Caraterização dos doentes com demência internados num serviço de Medicina.
MÉTODOS:
Estudo de coorte retrospetivo, com uma amostra aleatória de doentes internados numa enfermaria de Medicina Interna entre 01-01-2018 e 31-12-2018. Foram selecionados os doentes internados em camas escolhidas aleatoriamente numa enfermaria e incluídos para análise os doentes com demência.
RESULTADOS:
Foram incluídos 417 doentes durante o período do estudo, dos quais 27.1% (n=113) apresentavam demência. A maioria eram mulheres (59.3%, n=67), apresentavam uma idade média de 82.8 anos (DP+11.8) e estiveram internados em média 18.2 dias (DP+19.8). Em termos funcionais, a maioria dos doentes apresentava-se em situação de dependência total, com Karnofski performance status (KPS) médio de 39% (DP+13%). Quanto à etiologia da demência, não foi efectuado estudo etiológico em quatro doentes. Dos restantes, na maioria dos casos, a demência foi assumida como sendo de causa vascular (76%, n=83) seguida da demência de Alzeimer (20%, n=22). Apenas dois doentes apresentavam uma causa possivelmente reversível de demência, nomeadamente um doente com défice de vitamina B12 e outro com neurossífilis.
A mortalidade durante o internamento foi de 23% (n=26). Dos doentes não falecidos, a maioria retornou ao domicílio mantendo os cuidadores habituais (58%, n=50), um quarto foi orientado para Lar (23%, n=20) e os restantes orientados para a rede de cuidados continuados integrados.
CONCLUSÕES:
Praticamente todos os doentes com diagnóstico de demência foram submetidos a estudo etiológico. Este facto reflete que os médicos assistentes estão formados e sensibilizados para a importância da abordagem inicial do síndrome demencial.
A prevalência de demência foi superior a um quarto dos doentes internados, um valor elevado expectável. O tempo médio de internamento destes doentes foi praticamente o dobro do tempo médio de internamento do Serviço onde do estiveram internados. Estes doentes representam, assim, um peso considerável em encargos para o centro hospitalar e o serviço que os acolhe.
A maioria dos doentes com demência retornou ao domicílio, mas muitos necessitaram de ser admitidos em lares (alguns deles por motivo social) ou em unidades da rede nacional de cuidados continuados integrados. Isto significa que mesmo após a alta, estes doentes continuam a representar encargos consideráveis para o sistema público de saúde. É fundamental um entendimento desta problemática, para que se dediquem recursos em saúde (físicos, humanos e financeiros) que sejam suficientes para as necessidades da nossa população.