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CMV NO ADULTO IMUNOCOMPETENTE
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P490 - Resumo ID: 2108
Hospital Santo António dos Capuchos
Rita Lencastre Monteiro, Rodrigo Leão, Cristina Lima, César Vieira, Ana Serrano, Conceição Loureiro
Introdução: O citomegalovírus (CMV) é um vírus ubiquitário, atingindo crianças, principalmente indivíduos do sexo feminino, com um quadro clínico de extensão e gravidade variável. No adulto, atinge principalmente os imunossuprimidos. Geralmente, os grupos socioeconómicos mais elevados apresentam uma seroprevalência mais baixa e adquirem a infeção mais tarde. Apresenta-se o caso de primoinfecção num adulto imunocompetente com atingimento hepático e gastrintestinal.
Caso Clínico: Género feminino, 35 anos, autónoma, sem antecedentes médicos relevantes, recorreu ao serviço de urgência por quadro de dor abdominal com 6 dias de evolução. Tinha sido observada previamente e medicada sintomaticamente com metoclopramida e paracetamol, sem melhoria. No próprio dia, referia agravamento súbito das queixas álgicas, localizadas no flanco e hipocôndrio esquerdo, sem febre ou calafrios, menorragias e metrorragias, queixas urinárias ou gastrintestinais. Do exame objectivo, destacava-se temperatura timpânica de 37.9ºC, orofaringe sem alterações, exame abdominal com aumento da frequência dos ruídos hidroaéreos, sem timbre metálico, não distendido, não timpanizado, mole e depressível, sem dor a palpação, sem defesa e sem sinais de irritação peritoneal. Analiticamente, sem leucocitose, elevação da proteína C reactiva (120 mg/dl), discreto aumento das transaminases (AST 41U/l, ALT 80U/L), GGT (147 U/l) e LDH (300 U/L), exame sumário de urina sem alterações e diagnóstico imunológico de gravidez negativo. Radiografia abdominal e ecografia pélvica sem alterações. Por suspeita de foco infecioso abdominal TAC abdomino-pélvica que mostrava ligeira hepato-esplenomegália com multinodularidade esplénica e hepática e adenopatias junto ao hilo hepático. A doente foi internada para estudo. O quadro clínico manteve-se com aumento progressivo das transaminases. Pedidas hemoculturas e uroculturas seriadas negativos. Do estudo etiológico destacava-se IgM CMV fortemente positivo, com restantes serologias virais negativas. Foi instituída terapêutica com ganciclovir durante 8 dias com resolução do quadro clínico, normalização das transaminases e da PCR. Não foi documentado atingimento de outros órgãos ou sistemas. Analiticamente com diminuição dos parâmetros inflamatórios e sem disfunção hepática ou renal.
Discussão: Apesar da elevada prevalência do CMV, a hipótese de primoinfecção por CMV deve ser considerada no adulto imunocompetente. Apesar de ser principalmente responsável por casos com sintomatologia pseudo-gripal, pode cursar com quadros mais exuberantes. A exclusão de outras etiologias e a instituição de terapêutica precoce com ganciclovir determina um desfecho na maioria dos casos.