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INFECÇÃO VIH NA POPULAÇÃO GERIÁTRICA – UMA PREOCUPAÇÃO CRESCENTE DO NOSSO TEMPO
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P585 - Resumo ID: 2111
Hospital Santo Antonio dos Capuchos - CHLC
Rita Lencastre Monteiro, Rodrigo Leão, Cristina Lima, César Vieira, Joana Diogo, Carolina Coelho, Rita Bizarro, Ana Gonçalves, José Jacome, Conceição Loureiro
Introdução: O Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) é um problema de saúde pública que afecta mais de 2 milhões de pessoas na Europa. A Organização das Nações Unidas para o VIH/SIDA propõe até 2020 o programa “90-90-90”. Em 2016 Portugal teve cerca de 91,7 % dos VIH positivos diagnosticados, 86,8 % destes iniciaram tratamento, dos quais 90,3 % tinha carga viral indetetável (≤ 200 cópias/ml). A idade à data do diagnóstico está abaixo dos 50 anos em 71% dos casos. Chamamos a atenção para o número significativo de infectados em idade avançadas – resultado do sucesso terapêutico - mas com inúmeras vicissitudes: desde a componente social de isolamento, ao estigma e desconhecimento das terapêuticas, até à componente clínica marcada por um estado pró-inflamatório crónico que leva a um processo de envelhecimento precoce, não descurando as dificuldades terapêuticas que integram as múltiplas interações farmacológicas.
Caso Clínico: Mulher de 82 anos, autónoma, com antecedentes pessoais conhecidos de hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2. Foi levada ao SU por quadro de disartria e apagamento do sulco nasogeniano com 24h de evolução, sem outros défices neurológicos agudos, mas com alterações insidiosas do comportamento (recusa de cuidados de higiene) e da memória nos últimos meses. Ao exame objectivo encontrava-se orientada na pessoa e no espaço, mas desorientada no tempo, com disartria ligeira e parésia facial central direita de novo. Realizou TC-CE que identificou uma hipodensidade lenticulo-caudada esquerda de novo e acentuação da hipodensidade relativa da substância branca, das coroas radiárias e centros semiovais de etiologia microangiopática crónica. Foi assumido acidente vascular cerebral isquémico e a doente foi internada para estudo etiológico. Do estudo realizado: analiticamente sem alterações de relevo, ecocardiograma com boa função ventricular mas com regurgitação tricúspide ligeira, doppler carotídeo e vertebral sem alterações. Face ao quadro descrito de alterações do comportamento, efectuou-se o estudo de demências reversíveis que permitiu fazer o diagnóstico inaugural de infecção VIH1 com carga viral 47100 cópias/ml, populações linfocitárias CD4+ 323.76, 53.07%, HLAB5701 positivo e sem resistências detectadas aos antiretrovirais. Iniciou terapêutica com tenofovir/entricitabina e raltegravir e teve alta encaminhada a consulta de Infecciologia.
Conclusão: Apresentamos este caso com o intuito de sensibilizar para a importância do diagnóstico da infecção VIH em doentes geriátricos. Dado as manifestações clínicas serem múltiplas e inespecíficas, implicando um elevado índice de suspeição para o diagnóstico, é fulcral estarmos alerta para a nossa realidade em que os idosos têm um peso significativo nesta patologia