DERRAME PERICÁRDICO ASSOCIADO A ESPONDILITE ANQUILOSANTE
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P103 - Resumo ID: 2129
Hospital Santa Maria Maior - Barcelos
Francisca M Pereira, João Pedro Abreu, Maria Boncoraglio, Joana Esteves, Márcia Ribeiro, Carlos Oliveira
A investigação etiológica do derrame pericárdico constitui um desafio. Pode estar associado a doenças primárias do pericárdio ou secundário a doença sistémica, infeciosa ou neoplasia.
Homem de 58 anos, com antecedentes pessoais de HTA, DM tipo 2 com lesão orgão ( retinopatia e nefropatia) e dislipidemia. Seguimento em consulta de cardiologia por derrame pericárdico. Referenciado a consulta externa de medicina por poliartralgias de predomínio axial, associadas a rigidez articular, sobretudo na região lombo-sagrada. Limitação funcional, com necessidade de toma de anti-inflamatórios diária. Referência a astenia com meses de evolução, sem outras queixas associadas.
Pedido estudo analitico com velocidade sedimentação 30mm, proteína C reativa negativa, péptido natriurético cerebral (BNP) negativo. Ecocardiograma transtorácico (EcoTT) com derrame pericárdico circunferencial de grande volume, com predomínio sobre as cavidades esquerdas, com função biventricular conservada. Perante os achados, pedido estudo de poliartralgias, bem como estudo etiológico de derrame pericárdico. TC toraco-abdomino-pélvico sem alterações. Estudo imunológico negativo. Função tiroideia normal. Eletroforese sérica sem pico monoclonal, imunoglobulinas séricas dentro dos valores referência, enzima conversora angiotensina (ECA) negativa. Excluida tuberculose latente. Marcadores víricos negativos. TC sacro-iliacas com total apagamento das interlinhas, a sugerir espondilite anquilosante.
Pedido HLA-B27 que se revelou positivo, tendo iniciado salazopirina. Em consulta reavaliação com agravamento marcado das queixas de astenia, associada a dispneia para pequenos esforços. EcoTT de controlo a revelar agravamento de derrame pericárdico, sem sinais de tamponamento. Efetuada pericardiocentese, com citologia negativa para células malignas, micobacteriológico negativo. Associada colchicina, com melhoria franca das queixas de astenia e dispneia. EcoTT com derrame pericárdico de pequeno volume. Assumido derrame pericárdico em contexto de espondilite anquilosante, com melhoria do mesmo após início de terapêutica dirigida à doença.
A espondilite anquilosante inclui-se num grupo de doenças designadas por espondilartropatias, e caracteriza-se por uma doença reumática crónica, de natureza inflamatória progressiva, que afecta predominantemente o esqueleto axial e sacro-ilíacas. O envolvimento cardíaco ocorre habitualmente em doentes com vários anos de evolução de doença, sendo as manifestações mais frequentes a disfunção valvular (regurgitação mitral e aórtica), alterações da condução aurículo-ventricular e disfunção ventricular esquerda. O envolvimento pericárdico não é comum, estando descritos raros casos de derrame pericárdico associado a esta entidade, motivo pelo qual os autores realçam o presente caso.
Homem de 58 anos, com antecedentes pessoais de HTA, DM tipo 2 com lesão orgão ( retinopatia e nefropatia) e dislipidemia. Seguimento em consulta de cardiologia por derrame pericárdico. Referenciado a consulta externa de medicina por poliartralgias de predomínio axial, associadas a rigidez articular, sobretudo na região lombo-sagrada. Limitação funcional, com necessidade de toma de anti-inflamatórios diária. Referência a astenia com meses de evolução, sem outras queixas associadas.
Pedido estudo analitico com velocidade sedimentação 30mm, proteína C reativa negativa, péptido natriurético cerebral (BNP) negativo. Ecocardiograma transtorácico (EcoTT) com derrame pericárdico circunferencial de grande volume, com predomínio sobre as cavidades esquerdas, com função biventricular conservada. Perante os achados, pedido estudo de poliartralgias, bem como estudo etiológico de derrame pericárdico. TC toraco-abdomino-pélvico sem alterações. Estudo imunológico negativo. Função tiroideia normal. Eletroforese sérica sem pico monoclonal, imunoglobulinas séricas dentro dos valores referência, enzima conversora angiotensina (ECA) negativa. Excluida tuberculose latente. Marcadores víricos negativos. TC sacro-iliacas com total apagamento das interlinhas, a sugerir espondilite anquilosante.
Pedido HLA-B27 que se revelou positivo, tendo iniciado salazopirina. Em consulta reavaliação com agravamento marcado das queixas de astenia, associada a dispneia para pequenos esforços. EcoTT de controlo a revelar agravamento de derrame pericárdico, sem sinais de tamponamento. Efetuada pericardiocentese, com citologia negativa para células malignas, micobacteriológico negativo. Associada colchicina, com melhoria franca das queixas de astenia e dispneia. EcoTT com derrame pericárdico de pequeno volume. Assumido derrame pericárdico em contexto de espondilite anquilosante, com melhoria do mesmo após início de terapêutica dirigida à doença.
A espondilite anquilosante inclui-se num grupo de doenças designadas por espondilartropatias, e caracteriza-se por uma doença reumática crónica, de natureza inflamatória progressiva, que afecta predominantemente o esqueleto axial e sacro-ilíacas. O envolvimento cardíaco ocorre habitualmente em doentes com vários anos de evolução de doença, sendo as manifestações mais frequentes a disfunção valvular (regurgitação mitral e aórtica), alterações da condução aurículo-ventricular e disfunção ventricular esquerda. O envolvimento pericárdico não é comum, estando descritos raros casos de derrame pericárdico associado a esta entidade, motivo pelo qual os autores realçam o presente caso.