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EPILEPSIA SECUNDÁRIA A FORMAÇÃO ENOSTÓSICA INTRA-CRANIANA: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - Caso Clínico
Congresso ID: CC101 - Resumo ID: 215
Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - Hospital Geral
Jorge Lourenço, Joana Coelho, Andrea Salgueiro
Introdução:
As enostoses são formações ósseas benignas que afetam maioritariamente o esqueleto periférico, a pélvis e, raramente, o esqueleto axial. O seu enquadramento etiopatogénico não está totalmente esclarecido, sendo o seu aparecimento maioritariamente idiopático. A sintomatologia é diversa e heterogénea, dependendo da localização anatómica das referidas lesões, desencadeada sobretudo por compressão das estruturas tecidulares adjacentes.

Caso Clínico:
Doente do sexo masculino, 64 anos, com antecedentes de hipertensão arterial, enviado ao Serviço de Urgência (SU) após episódio inaugural de convulsão tónico-clónica generalizada, sem história prévia de traumatismo, cefaleias ou febre. Negou consumo de álcool e estupefacientes. À admissão no SU apresentava-se consciente e orientado, hemodinamicamente estável, apirético e sem alterações de relevo ao exame objetivo. Do estudo realizado, não apresentava alterações analíticas, nomeadamente a nível glicémico e iónico. Realizou TC crânio-encefálica que documentou a presença de uma projeção óssea tubular ao nível da fossa temporal direita com eixo transversal de 20,8mm, estruturalmente semelhante ao osso da calote, a condicionar desvio do lobo temporal ipsilateral em direção à linha média. Não foram identificadas alterações parenquimatosas bem como ao nível da calote craniana que sugerissem contexto traumático. Foi interpretado o achado imagiológico com a Neurologia e Neurocirurgia, tendo sido concluído uma possível associação entre a lesão em causa e um quadro inaugural de epilepsia.
Foi excluida abordagem cirúrgica e iniciado terapêutica anticonvulsivante com levetiracetam 1000mg 2id e, cerca de 1 mês após diagnóstico, o doente mantinha-se assintomático e sem história de novos episódios de crises convulsivas.

Discussão:
A raridade das formações enostósicas intracranianas não permite estimar a sua prevalência efetiva. A abordagem cirúrgica não é consensual, estando reservada para situações emergentes em que há risco de falência orgânica desencadeada pela compressão tecidular local.
Este será, do nosso conhecimento, o primeiro relato de caso de um foco epileptogénico secundário a este tipo de lesões, como consequência do efeito de massa gerado sobre o parênquima cerebral adjacente.