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COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA – UMA REALIDADE NO SERVIÇO DE MEDICINA INTENSIVA
Urgência / Cuidados Intermédios e Doente Crítico - Comunicação
Congresso ID: CO189 - Resumo ID: 19
Hospital Beatriz Ângelo
Rita Gameiro, Patrícia Patrício, António Messias
INTRODUÇÃO: A coagulação intravascular disseminada (CID) é uma síndrome adquirida caracterizada pela ativação generalizada da coagulação com fenómenos trombóticos e hemorrágicos, cuja mortalidade permanece elevada.
OBJETIVO: Caraterização da população com CID no Serviço de Medicina Intensiva (SMI), analisando 4 grupos de doentes: neoplasia, sépsis, trauma e complicações obstétricas.
MÉTODOS: Análise retrospetiva dos doentes internados no período de 1 de janeiro a 30 de junho de 2018, sendo incluídos os doentes com critérios clínicos e/ou analíticos para CID. Excluídas alterações secundárias a hipocoagulação ou doença hepática.
RESULTADOS: Identificados 323 internamentos, havendo 144 doentes com sépsis, 100 com neoplasia, 14 com trauma e 3 com complicações obstétricas. A CID desenvolveu-se em 39 doentes (12%). Houve predomínio do sexo masculino (51%), tendo 56% dos doentes idade ≥ 65 anos e sendo 79% autónomos. O internamento médio hospitalar foi de 22 dias, com média de 10 dias no SMI. A sépsis foi o fator predisponente mais frequente (62%), seguido de neoplasia (23%). 49% dos doentes tinham score APACHE > 25. Houve necessidade de suporte ventilatório invasivo (85%) e vasopressor (87%) na grande maioria dos doentes, seguido de técnica dialítica (46%). Relativamente à caracterização da CID, teve uma duração média de 8 dias, sendo a trombocitopénia a alteração analítica mais frequente (95%), seguida de hipofibrinogenémia em 64% dos doentes. Houve predomínio de fenómenos hemorrágicos com necessidade frequente de suporte transfusional, sendo os fenómenos trombóticos menos frequentes, mas culminando mais frequentemente no óbito. No total, faleceram 22 doentes (56%).
DISCUSSÃO: Tal como descrito na literatura, houve atingimento preferencial de doentes com > 65 anos (67%). 17% dos doentes com sépsis desenvolveram CID, tal como 9% dos doentes com neoplasia. Destaca-se a mortalidade elevada, sobretudo no doente idoso, com maior necessidade de suporte de órgão e com fenómenos trombóticos. Os autores reforçam a necessidade de resolução do processo predisponente para o sucesso do tratamento do doente com CID.