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TETANIA POR HIPOCALCÉMIA GRAVE - UMA EMERGÊNCIA MÉDICA
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - E-Poster
Congresso ID: P272 - Resumo ID: 223
Centro Hospitalar de Leiria - Hospital de Santo André
Flávia Santos, Maria João Palavras, Ana Albuquerque, Filipa Alçada, Helena Carrondo, Maria Jesus Banza
O nível de cálcio sério pode encontrar-se moderadamente diminuído sem causar nenhum sintoma. No entanto uma concentração sérica extremamente baixa do mesmo pode causar parestesias com atingimento preferencial das extremidades, mialgias e espasmos musculares. Nos casos mais graves pode evidenciar-se por um quadro de tetania com rigidez e espasmos musculares intensos, condicionar convulsões ou arritmias cardíacas, colocando assim em risco a vida do doente.

Os autores apresentam o caso de um jovem de 24 anos, autónomo, que foi levado ao serviço de urgência por apresentar um quadro súbito de prostração, contração intensa da musculatura dos membros superiores e parestesias nas extremidades dos mesmos. Com antecedentes de tiroidectomia radical oito dias antes por doença de Graves de difícil controlo, tendo sido medicado para o domicílio com levotiroxina e cálcio.

À admissão o doente encontrava-se prostrado, com dificuldade na comunicação, sudorético, pálido e com intensa contração da musculatura dos membros superiores associada a parestesias das mãos. Apirético e hemodinamicamente estável. Com sinal de Trousseau presente. Cicatriz cirúrgica de tiroidectomia recente, sem sinais inflamatórios locais. Gasimetricamente com evidência de hipocalcémia grave - cálcio ionizado de 0.65nmol/L (1.05-1.30). ECG em ritmo sinusal, sem evidência de arritmias ou prolongamento do intervalo QT. Analiticamente com evidência de hipocalcémia grave e hipomagnesémia moderada.

Admitido quadro de hipocalcémia pós-tiroidectomia por provável acometemineto de glândulas paratiróides.

Efetuada suplementação de cálcio com bólus de duas ampolas de gluconato de cálcio, conduzindo a franca melhoria clínica. Iniciada perfusão contínua de cálcio e efectuada correção de hipomagnesémia. Cerca de cinco horas após início de terapêutica com resolução completa de quadro clínico. Foi internado com necessidade de manutenção de perfusão contínua de cálcio durante treze dias com constante titulação de nível de cálcio sérico e ajuste de dosagem da perfusão. O estudo analítico evidenciou hipoparatiroidismo grave e défice grave de vitamina D. Teve alta clínica medicado com suplementação de cálcio, vitamina D e levotiroxina e foi encaminhado para consulta de Endocrinologia.

Este caso clínico revela a necessidade de saber reconhecer precocemente os sinais e sintomas apresentados por um doente com distúrbios hidroelectrolíticos, uma vez que os mesmos são muitas vezes fatais.