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QUANDO A CLÍNICA É ENGANADORA
Doenças cardiovasculares - E-Poster
Congresso ID: P161 - Resumo ID: 20
Hospital Beatriz Ângelo
Rita Gameiro, Vanda Jorge, Fernando Martos Gonçalves, José Lomelino Araújo
INTRODUÇÃO: O tamponamento cardíaco é uma emergência médica que necessita de um diagnóstico e tratamento precoce, idiopático em 14% dos doentes.
CASO CLÍNICO: Homem de 56 anos, com anemia crónica e tabagismo crónico não ativo, que recorre à urgência por quadro com 6 meses de evolução de dispneia paroxística noturna, tosse, sudorese noturna. Duas semanas antes ortopneia, dispneia em repouso e dor abdominal. Vinda à urgência e assumida infecção respiratória baixa. Por agravamento clínico, retornou ao hospital. Na admissão, polipneico, normotenso, taquicárdico, fervores crepitantes na base esquerda e abdómen doloroso no epigastro e hipocôndrio direito. Análises com aumento dos parâmetros inflamatórios e padrão de citocolestase. Internado por insuficiência cardíaca descompensada. ECG com bloqueio de ramo esquerdo, já conhecido. Por agravamento de dispneia, com D-dímeros aumentados, troponina I normal e hipocápnia, realizou angioTC torácico que mostrou volumoso derrame pericárdico e derrame pleural esquerdo. Evolução desfavorável com necessidade de pericardiocentese urgente. Melhoria clínica paulatina, necessitando de toracocentese, com ecocardiograma com alterações segmentares e fracção de ejeção deprimida. Do estudo realizado: líquido pericárdico e pleural compatível com citologia negativa para células neoplásicas; exames culturais negativos; biópsia pleural sem alteração; análises com estudo auto-imune e serologias negativas; TC de corpo sem alterações; biópsia de gordura abdominal negativa para amiloidose. Admitido tamponamento cardíaco em contexto de perimiocardite idiopática, iniciando terapêutica anti-inflamatória e otimizando-se terapêutica para insuficiência cardíaca. Mantém-se clinicamente estável em ambulatório, sem recidiva, com melhoria da fração de ejeção.
DISCUSSÃO: Dado a clínica muitas vezes subtil, os autores reforçam a necessidade de um alto grau de suspeição de miopericardite, de modo a evitar complicações potencialmente fatais.